domingo, 2 de janeiro de 2011

Fundação




• Autor: Isaac Asimov
• Editora: Aleph
• Gênero: Ficção científica
• Ano: 2009
• Número de páginas: 239
• Onde comprar: Martins Fontes, Livraria da Travessa, Artepau Brasil, Saraiva, Cia dos Livros, FNAC, nas melhores livrarias.

“Hari Seldon… nascido no ano de 11.988 da Era Galática: falecido a 12.069. As datas são mais conhecidas, em termos da atual Era da Fundação, como de -79 a 1 E.F. Nascido numa família de classe média de Hlicon, setor de Arcturus (onde seu pai, como reza uma lenda de autenticidade duvidosa, cultivava tabaco nas usinas hidropônicas do planeta), desde cedo revelou uma fantástica habilidade em matemática. Os relatos sobre sua habilidade são inumeráveis e, alguns deles, contraditórios. Dizem que, aos dois anos de idade, ele… … Sem dúvida, suas maiores contribuições foram no campo da psico-história. Quando Seldon começou, este campo era pouco mais do que um conjunto de axiomas vagos; ele o transformou numa ciência estatística profunda… … A maior autoridade existente para saber detalhes de sua vida é a biografia escrita por Gaal Dornick que, quando jovem, conheceu Seldon dois ano antes da morte do grande matemático. A história do encontro…”


Esta história se passa num futuro muito, mas muito distante da nossa realidade atual. A humanidade está vivendo um período de extrema prosperidade. Cresceu absurdamente (cerca de um quintilhão de pessoas) e, hoje, não se limita ao planeta Terra, mas a todo o espaço, dividindo-se em galáxias, todas elas dominadas por um único Império há mais de dez mil anos. A sede do Império é o planeta Trantor. E ninguém neste infinito mundo pensa que este período de prosperidade e calmaria vá passar, exceto Hari Seldon.

Seldon é um matemático, criador da ciência conhecida como psico-história. Esta ciência é capaz de prever o futuro da humanidade através da observação do comportamento humano, da economia e da sociologia. Para tudo Seldon é capaz de dar uma precisão estatística e, como não poderia deixar de ser, ele prevê a queda do Império em trezentos anos e, após isso, a humanidade mergulhará em um período de obscuridade por trinta mil anos. Guerras interestelares, destruição do comércio e o declínio da população. Segundo Seldon, isso é inevitável, não há como mudar a queda do Império e o período obscuro pelo qual a humanidade passará, mas dá para reduzir este período para apenas mil anos.

A solução apontada por Seldon é a criação de uma Enciclopédia Galática que salve o conhecimento já acumulado ao longo dos tempos para que, quando houver a queda do Império, as pessoas possam reerguê-lo. Para isso, Seldon está recrutando os mais importantes cientistas de diversas áreas e de todo o mundo para ajudarem na criação deste exemplar. Este grupo é conhecido como Fundação. Diante da alegação de que o interesse da Fundação é unicamente acadêmico e não revolucionário, os conselheiros do Império resolvem “transferir” (banir) Seldon e a Fundação para o planeta mais distante, no finalzinho da galáxia, Terminus, para poderem trabalhar em paz e terminarem logo este trabalho.

Uma vez lá, Seldon e seu grupo trabalham com afinco para criarem a Enciclopédia Galáctica. Seldon morre antes do término do trabalho, mas grava suas memórias em um cubo digital, chamado de Cofre, que se abrirá cinqüenta anos após sua morte para revelar algumas nuances do trabalho. Quando os cinqüenta anos expiram, o grupo dos acadêmicos mais influentes da Fundação se reúnem para a abertura do Cofre e descobrem que seu trabalho não é somente formar uma Enciclopédia Galáctica, mas sim formar uma sociedade científica que controle os acontecimentos previstos por Seldon, as crises que a humanidade passará (as chamadas Crises Seldon) e o rumo correto que ela tomará após a crise passar.

E é assim que a história vai, pulando de Eras para mostrar como o mundo evoluiu, como as crises foram superadas e quem se aproveitou dela. Primeiro, os enciclopedistas. Depois, os prefeitos que da primeira crise surgiram. Depois, os comerciantes e por aí vai.

Nota: 9. História fantástica!

Fundação é uma história que vai muito além do simples entretenimento. Eleita em 1966 a melhor série de ficção científica de todos os tempos (é uma trilogia), superando Senhor dos Anéis e John Carter de Marte, entre outras.

Impressiona que não é somente a leitura, mas sim o que se extrai dela. Quem fez prova do livro alguma vez no colégio e se irritava com aquela pergunta que dizia “qual a mensagem que o livro passa?” devia ler este livro. Além disso, dá para comparar esta história com fatos da nossa vida atual.

Em um primeiro momento, é nítido o embate entre cientistas, que não querem que o conhecimento seja perdido, e políticos, que querem que a população seja ignorante para a verdade prevalecer em discursos mentirosos. Isso pode ser visto em várias repúblicas atualmente. Depois, passa-se a um choque entre políticos, com golpes e artimanhas, enfim, tudo o que vale para se manter no poder ou ascender a ele.
Mas o que é interessante mesmo é que a história foi escrita em 1951 e retrata a humanidade num futuro distante. Então, o autor lançou mão do que ele achava que aconteceria no futuro, mas que para nós hoje é completamente ultrapassado. Como exemplo, a comunicação não é mais feita por cartas, mas por microfilme. Computadores e tecnologia a laser quase não são notados e o luxo de uma cidade (planeta) é notado quando ela possui energia nuclear.

A contar contra, o excesso de termos científicos no início da história. Se você não for um cientista ou aspirante a tal, fica difícil entender o significado de alguns termos. E, como a história é bem exagerada, com planetas sendo entendidos como cidades e sistemas estelares como estados, não dá para compreender bem a noção de distância pretendida pelo autor, já que ele não usa medidas conhecidas da gente, como metros, quilômetros e jardas.

Também tira ponto na avaliação o fato de a história ser contada em grandes períodos, cheios de reticências. Em um capítulo, Seldon e seu grupo partem para Terminus para preparar a Enciclopédia para o período obscuro que a humanidade está para ver. No capítulo seguinte, séculos já se passaram, Seldon já morreu, o Império já caiu e a história transcorre normalmente, como se nós entendêssemos o que se passou no período, como o autor.

Mesmo com essas coisas complicadas, a história é deliciosa de se ler e, levando-se em conta que ainda faltam dois livros (“Fundação e Império” e “Segunda Fundação”), vale a pena procurar este clássico, abrir o livro e mandar bala!

0 comentários: