Análise por: Wagner de Oliveira Barbosa
Origem: Kanagawa, Japão.
Desde: 1996.
Estilo: J-Rock.
Pseudônimos: Ajikan, AKG.
Membros:
Masafumi Gotoh - vocal principal, guitarra base.
Kensuke Kita - guitarra solo, backing vocal.
Takahiro Yamada - baixo, backing vocal.
Kiyoshi Ijichi - bateria.
O ASIAN KUNG-FU GENERATION é uma das maiores bandas de indie rock do Japão do novo milênio. Seu estilo envolve letras emocionais, o agressivo estilo indie rock e uma pontinha de punk rock.
“Sinopse” retirada no JaME Brasil. “Ficha técnica” retirada da comunidade do orkut.
Primeiramente, sugiro que vocês conheçam as músicas antes de lerem o review, pra não correrem o risco de terem opiniões influenciadas, depois.
Pois então, venho aqui analisar o sexto CD do quarteto, lançado em 23/06/2010: Magic Disk.
Destaco já de cara que o penúltimo álbum (Surf Bungaku Kamakura, 2008) não foi satisfatório... As músicas além de não serem muito boas, não formavam uma identidade coletiva, como sempre fora comum.
Então o grande dilema e a preocupação que eu e outros fãs passamos a ter foi: será que o Magic Disk vai provar o ASIAN KUNG-FU GENERATION como ainda sendo capaz de fazer grandes discos, tal qual Fanclub (2005), Sol-fa (2004), etc... Ou já é tarde demais?
Leiam e descubram.
1- Shinseiki no Love Song
Essa música tem dois destaques:
O vocal, que alterna entre umas frases meio estilo rap, na primeira parte. Mas ainda sim com a entonação pop que é comum no CD. Na segunda metade, ele passa a se mais melódico, como é de costume.
A segunda coisa que me chamou a atenção foi a guitarra, também na parte inicial.
Depois disso é que vem o problema. Após dois minutos e meio, tudo fica arrastado e repetitivo. Além disso, o instrumental não embala. Não são riffs bons o suficiente pra carregarem a música toda nas costas.
O baixo começa bem, mas vai perdendo o brilho.
A bateria é legal, e menos enxuta do que em outras faixas... Mas não adianta uma batida boa e criativa, se o resto não ajuda. É como um time preguiçoso com um goleiro bom (não que eles tenham sido preguiçosos nessa música, mas...).
Música nem mediana, PORÉM não é ruim. Eu vou é recomendar o videoclipe, esse sim bem legal.
Nota: 4,5/10.
2- Magic Disk
Música-título do álbum. Ela não representa a musicalidade do conjunto final, mas sim a ideologia: música feita pra sentar na cadeira e ficar parado, apreciando.
Ao contrário da anterior, ela tem riff muito bons. Além disso, serve de anúncio pra uma coisa que vem à seguir: guitarra base com efeitos eletrônicos, enquanto a principal é mais solta – podendo se dar inclusive ao luxo de solar, bem lá no fundo.
E enquanto as guitarras roubam a cena, percebemos que o baixo e a bateria ficam mais contidos (ou afogados?). Ele fica mais escondido por causa das distorções do resto do grupo. A batida do Ijichi, por sua vez, está mais Pop e com bem menos ‘firulas’.
Nota: 7,5/10.
3- Soushiyou
Kensuke Kita mostrando como se faz um bom guitarrista. Além das linhas muito agradáveis, ele ainda usa diversas variações, fechando uma música bem legal.
Aqui a bateria comanda o tempo bem marcado. Eu gostei de como ela corta o instrumental, criando um ritmo bem inesperado, vindo do Ajikan. No final ela fica mais legal.
O baixo também mostra uma mudança técnica, que vai se repetir ao longo do álbum. Ao invés de tocar riffs contínuos, às vezes ele prefere marcar mais, junto com as pausas da guitarra. Ainda assim, ele dá umas escapadas e aparece como pode.
O refrão é bom e foi interessante como eles usaram a palavra (ou sílaba, seja lá o que for) “sou”. Pena que as vozes ficam no mesmo tom, em momentos que seria ótimo mudar.
Essa música ainda dá uma provinha de um recurso que vem pela frente: som embolado.
Nota: 8,0/10.
4- Sayonara Lost Generation
Calma, apesar do nome, não é um cover de Stance Punks!
Primeira coisa: além das duas guitarras, temos um violãozinho.
O refrão é exatamente como Shinseiki deveria ter sido, curto, melódico, com emoção, agradável.
Já o vocal mistura mais rap, às vezes ficando engraçado, o Gotoh quase pagando de rapper. Mas não é nada exagerado. Noutros momentos, os backing vocals são bons e necessários, dando até vontade de cantar.
Outro toque é quando a música se acalma. O instrumental dá algumas notas mais pesadas de surpresa.
A partir daqui, o Kita usa mais a liberdade pra brincar, ainda que não seja nada perto de virtuoso.
O baixo parecia que ia como normalmente é nas músicas. Mas ele tem seu momento, e às vezes se percebe que ele se restringe menos às notas graves. E tem um solo ali no meio, prestenção!
A bateria tende a variar pouco, mas é bem forte e ainda meio pop.
Nota: 9,0/10.
5- Maigoinu to Ame no Beat
A introdução da guitarra base foi legal, mas podia ter sido usada mais vezes. Kita solando geralmente bem lá no fundo, mas nada muito criativo, apesar de dar um toque legal.
Baixo marcando junto com a bateria. A surpresa aqui fica por conta das pausas e dos instrumentos de sopro, principalmente no refrão. Eles preencheram bem a música.
A faixa tem umas coisas meio ocultas. Como uma espécie de teclado ou piano extremamente baixo, uma melodia estranha no fim, e uns “ah ah ah”.
Nota: 6,5/10.
6- Aozora to Kuroi Neko
Aqui nós temos três melodias competindo por atenção: uma guitarra com efeito eletrônico e psicodélico (que alguém na comunidade disse que era Flanger), outra liderando, às vezes brincando de solar, e o baixo aproveitando a deixa. O Yamada mostra que sabe usar os agudos muito bem.
Também curti a bateria do início, estilo marcha. Não querendo comparar, mas eu já vi muito disso no Blink 182...
Se não fosse pela técnica da banda toda, que melhorou consideravelmente, essa música teria se encaixado melhor no Mada Minu Ashita Ni, mini-álbum que eles lançaram em 2008.
Nota: 7,0/10.
7- Kaku Seibutsu no Blues
Não é um blues, mas é ótimo! Essa música tem vários instrumentos eruditos no meio... Aliás, a música é mais deles que do Ajikan. Imagino que pra tocar isso ao vivo, vão precisar de uma orquestra e tanto.
A guitarra base sai fora de tom de propósito, dando um efeito bem legal. Enquanto baixo prefere ficar fazendo fundo grave, o que torna ele inaudível em muitos momentos. Também por que a música tem recursos demais... O que também faz a bateria ser bem básica.
Ainda assim, dá um bom resultado final.
Nota: 7,75/10.
8- Last Dance wa Kanashimi wo Nosete
Essa música tem coisas que chacoalham (ui) e... Percussão (ou algo parecido)! Tem bastante destaque durante a música, enquanto as guitarras geralmente se repetem... Até que o Kita começa a brincar de solar denovo. Bom.
E o baixo marcando no fundo, mais uma vez com o conceito de pausas, só que dessa vez se encaixando melhor.
Quase no final da música, o Kita liga o pedal de wah-wahs. Eu me pergunto por que ele não fez isso antes.
Nota: 6,0/10.
9- Microphone
Pelo início da música, eu pensei que fosse ser algo estilo Surf Bungaku Kamakura (último álbum que havia sido lançado, até então). Mas graças a deus, não foi!
A partir dos quarenta e sete segundos, um som maluco começa a tocar. A primeira coisa que eu pensei foi: “Space Rock + Música de Game Boy”.
Faixa que tinha tudo pra ser ruinzinha, porém com esse efeito tosco passou a ser um pouco interessante. Mesmo assim, eu tenho certeza que um pessoal vai odiar esse efeito “Game Boy”, e eles não deixam de ter razão.
Não é uma música pra se ficar ouvindo direto. Sim, ela é bem repetitiva. E não de forma boa, como a Magic Disk é.
Nota: 5,0/10.
10- Rising Sun
Violão. Baixo no bumbo. Sons eletrônicos. Ou será que isso é guitarra...? Não faço a mínima idéia.
Vocal com tempo completamente inesperado. E ainda por cima, com uns agudos de vez em quando. Tudo isso criou uma música muito divertida, em que até o Gotoh consegue inovar... Na verdade, parece uma daquelas músicas feitas pro cara cantar bêbado. Ele mostra que desafina quando tiver a fim, e que pode fazer soar bom mesmo assim.
Se não fosse pela guitarra que aparece no refrão, não poderia considerar ela como rock. Mas, pelo resultado, isso não é nem de longe um defeito.
Nota: 6,9/10.
11- Yes
Ela começa com um riff forte, que mistura características dos CDs Fanclub, Mada Minu Ashita Ni e Sol-fa.
E depois, aparece aquilo que eu falei antes, lá em cima: som embolado. O som fica tão, mas tão embolado, que quase se sobrepõe aos vocais. E esse é o refrão. Apesar de vir de forma forçada, é um recurso válido.
O que vale mesmo é prestar atenção à bateria, que resolve se soltar, a partir aqui. De brinde, a música acaba sem avisar.
Nota: 6,25/10.
12- Daidai
O riff principal dessa faixa não vai segurar uma música inteira, pensei. Fui feliz em descobrir que Daidai não tinha riff principal, fora o refrão.
De repente, efeitos estranhos começam a aparecer outra vez... E se vão, dando lugar a um riff médio da guitarra principal. Legal foi a transição entre eles.
Pelo que eu entendi, a idéia era o Kita poder solar bastante nessa aqui... Infelizmente ele não chamou a atenção em todos os momentos que deveria.
Nota: 5,5/10.
13- Solanin
Faixa-extra.
Quando o single dessa música foi lançado, eu me apaixonei pelo refrão. Conforme o tempo foi passando, o tesão foi indo embora, até que ela se tornou algo bem comum e sem graça.
Assim que eu vi a setlist do álbum, pensei: como é que eles vão encaixar essa me*** ai?
E agora eu entendo perfeitamente. Depois de várias músicas com distorção pesada, vários recursos eletrônicos, eruditos e o escambau, tudo o que eu queria ouvir era algo bem pop, leve, simples...
E Solanin ganhou muitos pontos, só por estar ali me esperando. Imagino que funcione como aquela baladinha de final de show, quando todos estão com os ouvidos saturados.
Nota: 7,0/10.
Conclusões...
O vocal varia quando pode, como pode. Mistura um pouco de pop com rap, o que é inesperado e legal. Eu quero é ver o Gotoh vida loka 157 nos Lives, isso sim.
Os backing vocals tem momentos ótimos.
A bateria, como eu disse, ficou mais enxuta, menos inquieta e mais inteligente. Ela comanda mais as quebras de ritmo, que eu gostei muito. Acho até que podiam ter quebrado ainda mais.
As guitarras estão cheias de efeitos, distorções, loucuras... Só que, se você olhar a linha “bruta”, sem essas frescuras, vai ver que ficou mais repetitivo do que nos álbuns anteriores. Faltaram uns riffs mais fortes, mais chamativos... Por que apesar de o Kita ter melhorado, ficou parecendo que as músicas ficaram dependendo demais dele. E nem sempre ele corresponde a essa confiança.
O baixo está mais alto (...), com linhas bem trabalhadas e um padrão novo de pausas. Pena que, como as guitarras são as estrelas do pedaço (o que faz bastante sentido, afinal é rock), nem todos vão prestar atenção.
Enfim, no geral, o Ajikan se esforçou bastante pra mudar de estilo, e conseguiu fazer isso lindamente. Cada música tem o seu elemento-surpresa, algo que não acontecia com freqüência nos outros CDs. Tem wah-wahs, solos de baixo, percussão, barulhos eletrônicos, Gotoh mulek piranha... Uma bagunça.
E o melhor, quem conhece as outras fases da banda, vai ver que eles buscaram um pouco de musicalidade em cada uma delas. Dá pra sentir o Sol-fa, dá pra sentir o Fanclub, dá pra sentir o World World World.
Nota geral: 6,68
Se fosse pra ser mais parcial (sim, tem como), daria um ponto extra, pelo fato de que eles passaram por uma fase relativamente ruim, que foi 2008-2009, com a vinda do Surf Bungaku Kamakura.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
ASIAN KUNG-FU GENERATION - Magic Disk
Postado por Rocha. às 10:58
Marcadores: -Colaboradores, Análises, Música
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3 comentários:
Tem algum lugar para baixar? Não conheço muita música japonesa, muito menos indie. Mas, como você disse, é melhor ouvir primeiro para depois tirar as conclusões...
recomendo assistir aos videos no youtube, Juaum. Se quiser album inteiro, procura pela banda no isohunt, é torrent. Recomendo baixar coisas lá se você tem duvida se vai gostar.
Na comunidade do orkut tem quase tudo: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=266115
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