segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Batalha do Apocalipse



• Autor: Eduardo Spohr
• Editora: Nerd Books. A Record fechou com o autor para editar o livro, o que deve ocorrer em breve.
• Gênero: Fantasia
• Ano: 2009 (1ª edição)
• Número de páginas: 558
• Onde adquirir: www.nerdstore.com.br. Em breve nas melhores livrarias.

“Há muitos e muitos anos, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiaram a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o Juízo Final.

Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedon, o embate final entre o Céu e o Inferno, a guerra que definirá não só o destino do mundo, mas o futuro do Universo.”


Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Porém, antes de Seu merecido descanso, Deus entregou aos cinco arcanjos (criados para ajudá-lo nas Batalhas Primevas) o dever de cuidar do mundo até Seu despertar, quando ocorrerá o Juízo Final.

Porém, o líder dos arcanjos, Miguel, resolveu tomar conta de tudo sozinho e isso desagradou aos outros celestes. Miguel não suportava o fato de Deus ter dado aos homens o livre arbítrio e todo o amor possível e sempre fazia de tudo para acabar com a raça humana. Gabriel, o Arcanjo Iluminado, até concordava com alguns argumentos de seu irmão. Rafael não suportou a tirania de Miguel e desapareceu. Uziel não agüentou mais esperar o despertar de Deus e resolveu subir ao Monte Tsafon e se encontrar com o Pai, mas foi morto por Miguel, que não queria que ninguém importunasse o Criador. O quinto arcanjo, Lúcifer, havia sido expulso do Paraíso muitos anos antes.

Inconformados com a política odiosa de Miguel, um grupo de celestes se une para tentar derrubá-lo. Mas este grupo é traído por Lúcifer, é derrotado e condenado a vagar para sempre pela terra. As penas de suas asas, quando à mostra, são brancas rajadas de vermelho, um símbolo eterno da derrota que os expulsou do Paraíso. Este grupo, chamado Os Renegados, é liderado por Ablon, outrora um general celeste. A traição de Lúcifer nunca foi esquecida, ainda mais que este arcanjo “traiu” os renegados para fazer ele próprio a sua revolução e tentar derrotar Miguel. Mas, mesmo com muito mais adeptos, Lúcifer também perdeu e foi condenado ao Sheol, uma dimensão onde os deuses das trevas foram sepultados e que se tornou o Inferno, reino de Lúcifer quando de sua expulsão.

A história é baseada na vida de Ablon após ser expulso do Paraíso e sua peregrinação pelo mundo até o dia do Ajuste de Contas, quando Deus acordará (supostamente) para punir os injustos. Nessa peregrinação, Ablon conhece a co-heroína da história, Shamira – A Feiticeira de En-Dor. Shamira é salva por Ablon quando é seqüestrada pelos babilônicos, durante a construção da Torre de Babel e com Ablon vive uma amizade intensa e um amor proibido.

Ambos passam por inúmeros perigos ao longo da história e sempre voltam a se encontrar e se separar logo em seguida. Shamira é agraciada com a vida eterna e, por tal motivo, é testemunha dos grandes acontecimentos da humanidade.

O dia do Armagedon está se aproximando e Ablon é convocado por Lúcifer para ir ao Inferno negociar uma aliança capaz de derrubar Miguel e os outros celestes. Ablon promete pensar a respeito, pois derrotar Miguel é um dos grandes desejos de sua vida (o outro é derrotar Apollyon, o Anjo Destruidor servo de Lúcifer). Lúcifer tenta convencê-lo, pois seu grande sonho é ver a humanidade salva da tirania do Príncipe dos Arcanjos.

Enquanto isso, na terra, a Terceira Guerra Mundial está prestes a estourar. A Liga de Berlim (formada por Estados Unidos e Europa) está em permanente confronto com a Aliança Oriental (encabeçada por China, Rússia e Coréia do Norte) e este conflito marcará o fim da humanidade. Os países neutros (África, América Latina e “outros territórios à sua escolha”) serão dizimados junto com os dois lados da Guerra.
Ablon se reencontra com Shamira no Rio de Janeiro (onde Ablon vive atualmente) e, juntos, debatem o que seria melhor para ele. Unir-se a Lúcifer ou arrumar outra forma de derrotar Miguel? Este impasse dura até o momento em que o terrível Anjo Negro (um anjo poderosíssimo, de natureza desconhecida e servo de Miguel) seqüestra Shamira para forçar Ablon a não formar a aliança com Lúcifer.

A dúvida sobre o lado que Ablon vai tomar perdura até o soar da primeira das sete trombetas (que marcarão o começo do Juízo Final), quando ele finalmente ingressa no confronto. Só não posso dizer o lado que ele vai tomar, para não entregar spoilers de quase 500 páginas. Para descobrir o que acontece na batalha, quem vence, o que acontecerá quando houver o fim do sétimo dia e o destino do Universo, só lendo para saber.


Nota: 9,5. Altamente recomendado!

O livro é fantástico, uma leitura maravilhosa e que prende o leitor. Perde meio ponto por ser uma leitura muito densa. São quase 600 páginas, com as letras muito próximas. A impressão que dá é que se houvesse um espaçamento maior entre as linhas, letras e parágrafos, daria muito mais de mil páginas. Não é exagero dizer que seria ótimo se fosse uma saga entre 4 e 10 livros, contando cada pedaço da história e culminando com um livro final só com a batalha. Além disso, o final é um pouco decepcionante.

Fora isso, a história caminha no tempo e no espaço com graciosidade. Em um momento, você está no Rio de Janeiro, nos dias atuais. No outro momento, você está no ano 600 Antes de Cristo, em alguma terra bíblica. No momento seguinte, você pulou para a Roma dos imperadores. Isso é importante, porque cada passo neste imenso jogo de xadrez que é a Batalha do Apocalipse remonta a um evento no passado.
Outra coisa que conta muito a favor da história ocorre quando Ablon vai de Roma a Jerusalém. A história passa da terceira para a primeira pessoa. Em qualquer obra, isso é um terreno pra lá de perigoso, pois em um momento você vê o personagem fazer a ação e em outro momento, o personagem te conta como foi a ação. Mas na Batalha do Apocalipse isso praticamente não é notado.

Os acontecimentos que ocorrem e ocorreram no nosso mundo são perfeitamente entrelaçados com os movimentos do Dia do Ajuste de Contas. Tanto a Torre de Babel quanto o Império Romano, a guerra norte americana contra o terror e até a passagem de Jesus pela terra são argumentos para justificar a tirania de Miguel, a indignação de Ablon e a dissimulação de Lúcifer.

Lúcifer, aliás, é um personagem extremamente curioso. Na história, seus muitos nomes são divididos em vários personagens, conhecidos como “Duques do Inferno”. Lúcifer, o Diabo, é o arcanjo e senhor das terras inferiores. Belzebu (Baalzebul) e Mefistófeles (Mephistofeles) são dois dos Duques. Samael é o servo mais próximo de Lúcifer, sendo conhecido pela alcunha de Satanás ou Satanis e foi a serpente que tentou Adão no Jardim do Éden.

Os vários tipos de anjos são divididos em castas e ganham atributos diferentes. Os arcanjos são os líderes, os querubins (casta de Ablon) são os guerreiros, os Elohim são os guias, os Ofanim são os anjos da guarda dos homens, os Serafins são os diplomatas e por aí vai. Os deuses pagãos também recebem um tratamento nesta saga, inferiores aos anjos e objeto da ira destes, por terem a idolatria de vários humanos.
Se o Código Da Vinci causou um furor junto à Igreja, por expor uma nova visão àquilo que sempre foi dito a respeito dos assuntos religiosos, a Batalha do Apocalipse é o verdadeiro Armagedon! Esta obra dá uma visão diferente de Lúcifer, mostrando um sujeito muito mais amoroso e compreensivo do que a Igreja sempre pintou. Também não cita os nomes de Eva, Maria e Jesus (conhecido aqui como o Iluminado, a Criança Sagrada ou o Salvador), não sei bem por quê. Dá o nome de Lillith à primeira mulher de Adão, que virou escrava sexual de Lúcifer quando foi expulsa do Paraíso. Deus é mais conhecido por Yahweh. Um dos momentos mais polêmicos ocorre quando a obra atribui uma paternidade a Jesus (que só lendo para descobrir!), além de desagradar aos devotos de São Miguel Arcanjo, o grande vilão nesta história.

Pegando conceitos de Star Wars, Cavaleiros do Zodíaco, Bíblia, Senhor dos Anéis, Harry Potter, super heróis e filmes de ação, Eduardo Spohr nos dá uma mistura que resulta em uma história completamente diferente de tudo o que já se viu.
Uma aventura que mescla valores, traição, reviravoltas e nos faz pensar nas nossas escolhas. Até onde vamos para defender nossos valores?

Desejo, sinceramente, que esta obra alcance um lugar de destaque e que seja lida por muitas pessoas, pois se tornaria um clássico com muita facilidade se fosse de algum autor norte americano e já estaríamos prontos para ver sua adaptação ao cinema.

O autor conseguiu acordo com a Record, que passará a editar o livro. Com isso, A Batalha do Apocalipse ganhará nova capa, novo formato e mudará o número de páginas. Algumas coisas serão melhor explicadas e o livro ganhará as prateleiras das melhores livrarias do país. Sem dúvida uma grande vitória para uma obra maravilhosa!

Para: Amantes de uma boa aventura, mas com a cabeça aberta para saber que tudo não passa de uma obra de ficção. Portanto, separe esta história dos seus conceitos religiosos!

3 comentários:

Wagner Barbosa disse...

Já tava a fim de ler esse livro, por que acompanho o Jovem Nerd e tal.
Inclusive saiu um nerdcast sobre autores, que ficou legalzinho.

Mas tava pensando que era um livro médio, não um 9,5...
Até por que é difícil ter uma referência de nota pra ele, já que quem analisa geralmente são fanboys. Mas pelo que tu escreveu, o negócio é bom mesmo.

Rocha. disse...

Eu nunca me interessei muito por esse livro não, não sei pq, mas sua nota alta deve significar algo. Quem sabe um dia eu pego e dou minhas impressões.

Juaum disse...

Então, eu tava dando um tempo para ver se o autor aparecia por aqui e explicar diretamente a vocês, mas eu acho que ele não se interessou muito pelo email que lhe foi enviado.

Bom, realmente, o livro é diferente de tudo o que já foi feito. Eu não me lembro de uma história que tenha essa abordagem. Tirando a parte que é cansativo (não é livro para ser ler em duas semanas), é uma história extremamente envolvente. A forma como o autor aborda os grandes momentos da humanidade, transforma o que há hoje em eventos futuros... tudo isso é feito de uma forma que só deixa a história mais excitante.

Também há influência de várias coisas. Quem gosta de Cavaleiros do Zodíaco vai se encontrar aqui. Quem gosta de Harry Potter também verá traços. Mesma coisa para quem gosta de Percy Jackson, Arthemis Fowl, Senhor dos Anéis e várias outras histórias. Sempre haverá um pedacinho da história que você gosta aqui.

Vale - e muito - ler. E assinando com uma editora agora, ficará mais fácil ainda para se adquirir. Aí, é só cair dentro!