Glee - 1ª Temporada

Ano: 2009/2010
Criadores: Ian Brennan, Brad Falchuck, Ryan Murphy
Gênero: Musical/Drama/Comédia

William Schuester, professor de espanhol da McKinley High School, resolve assumir como director de um Glee club (Clube musical) largado as traças, a fim de recuperar sua glória antiga, como na época em que o próprio Will havia ganhado o campeonato regional no seu tempo de escola. Essa tarefa não será nada fácil, devido a falta de fundos, seus problemas pessoais, preconceito e a principal inimiga do clube, Sue Sylvester.

O grande foco de Glee está nas diferenças. Cada pessoa é de um jeito, somos diferentes por dentro e por fora, mas muitas vezes o meio em que vivemos acaba nos influenciando a fazer coisas que vão contra quem somos, e dependendo de como somos, podemos sofrer muito preconceito. Do inicio ao fim a série prega que é legal sermos nós mesmos, mas não de uma maneira irreal com os personagens tendo epifanias e revelando seu verdadeiro jeito de ser só porque ouviram um sermão da malhação. O processo foi muito lento para a maioria dos personagens nessa primeira temporada, e inclusive alguns nem mudaram, ou mudaram só por ter acontecido algo radical em suas vidas, se não fosse isso continuariam a ser os preconceituosos que não se aceitam ou não aceitam os outros, exatamente como na vida real.

Falei bastante em realidade, mas a série viaja bastante na vilania. Pode até parecer um pouco com Malhação alguns momentos, onde um tenta estragar o romance com o outro, gente tentando acabar com o Glee, namorado que finge ser bonzinho, etc. Porém, o que me chamou mais atenção e é um dos motivos para eu ter gostado bastante da série, é que ninguém é ruim. Por exemplo, os vilões da Malhação (essa comparação ta rolando solta heim) sabotam tudo, sabotam prova, namoro, família, criança, chocolate, bola, tatame, etc. Os “vilões” do Glee sabotam o que eles são contra somente, enquanto eles podem ser extremamente bons para outras coisas. Por exemplo, eu posso odiar um colega e tentar acabar com o namoro dele, mas não significa que eu grite com a minha vó e coloque caco de vidro triturado na comida dela.

E por falar em vilão, Glee criou na minha opinião, o que é uma das melhores vilãs de todos os tempos. Estou falando se Sue Sylvester, a treinadora das líderes de torcida, que não suporta o Glee Club, pois acredita que são um bando de fracassados, e para aumentar sua raiva, a escola acaba tirando fundos das lideres de torcida para investir no Glee. Sue tenta acabar com o Clube de diversas maneiras, e todo episódio que ela aparece rouba a cena. Não tem como não gostar dela, não é aquele vilão que você tem raiva, é aquele vilão que você ama, e muitas vezes se você assistiu, tenho certeza que torceu por ela, pois alem de mostrar que ela é vilã, a série deixou bem clara que ela é humana. Sem contar também que a atriz que faz ela é excelente e muito estilosa (Jane Lynch, que faz a psicóloga do Charlie em Two and a Half Men, e também a gerente da loja em que o Virgem de 40 anos trabalha, aquela que quer tirar a virgindade dele).

O resto do elenco convence, todo representam bem seu papel. Uma das personagens principais, Rachel, é muito irritante, e seu personagem é construído para deixar quem está assistindo com raiva, e o rosto da atriz é perfeito para isso. O que eu não gostei muito foi que deram foco demais para ela em alguns momentos que pediam para focar em outros personagens que possuíam um enredo muito mais interessante, que é o caso de Quinn, que a partir de um momento passou a ter poucas falas na série.

Felizmente, esse foco todo na Rachel sumiu um pouco, em alguns episódios até ela mal teve falas, o que foi excelente. Até mesmo cantando, Rachel e Finn fazem a maioria dos solos, e isso acaba irritando, mas acho que os produtores sacaram isso e estão colocando outros personagens para cantar, até mesmo Santana, que não havia cantado na temporada inteira, começou a cantar no final, e cantando muito bem por sinal. Espero que na próxima temporada os outros personagens tenham espaço, pois a falta disso foi o que tirou alguns pontos da série comigo.

Eu não sou muito fã de musicais, mas Glee conseguiu passar o que queria com as musicas. Raiva, emoção, comédia, drama, solidão, idiotice, em fim, tudo. De uma certa forma eu até estou entendendo mais musicais agora, antigamente eu achava ridículo do nada os personagens saírem cantando na rua e todo mundo cantar junto, mas agora eu realmente entendo que isso é apenas uma dramatização e representa o que eles estão sentindo no momento. É claro, isso nos musicais bons, pois nos High School Musical da vida eles saem cantando apenas por sair cantando, sem significado algum. Ah, e as participações de Sue nos musicais foram simplesmente épicos, se você assistiu acho que pensou o mesmo.

Os episódios especiais sobre algum cantor especifico são muito bem feitos também. Tivemos na primeira temporada um especial de Madonna, e um de Lady Gaga (apesar de não ter sido todas musicas dela assim como no da Madonna). Eles conseguem encaixar perfeitamente o significado dessas cantoras em suas épocas e transferem para o universo do Glee e acaba fazendo sentido no enredo. E por mais que eu não seja muito fã de Lady Gaga, achei o episódio dela um dos mais legais.

A comédia na série esta presente, apesar de não ser o grande ponto forte. O legal é você se envolver com os personagens, ai sim vai rir das coisas que eles fazem, mas se você não se envolve, provavelmente não achara nada engraçado, pois não existem sacadas cômicas nem nada. Tiveram alguns momentos que foram realmente engraçados, e a maioria deles foram com o diretor da escola, o indiano (?) Figgins. Com certeza é o personagem mais engraçado. Portanto, se você está procurando uma comédia, eu recomendaria Modern Family.

As cenas são bem fluentes e leves, não ficam aquela sensação forçada e pesada te passando uma mensagem qualquer. Também não é previsível, eu achava que a série seria eles treinando para competição e no final do episódio era eles ganhando, mas não é bem assim, já que é muito raro mostrar eles treinado as musicas, quando elas acontecem já está toda ensaiada e pronta. O que eu acho meio estranho é a maneira que apresentam o enredo. Por exemplo, em um episódio mostram o dilema do personagem gay da série, então no outro ele mal aparece, e fica sem aparecer muito em uns três episódios, até que quando retomam o dilema dele em um novo episódio, apena recapitulam o que aconteceu com ele antes e retomam. Eu acho que eles poderiam montar as histórias aos poucos. Eles até melhoraram isso da metade da série para frente, mas no começo era bem grande esse buraco entre uma história e outra.

Com alguns altos e baixos, admito que a série me conquistou, e eu gostei bastante, e quero ver qual rumo a série vai tomar nas próximas temporadas, já que a série meio que caiu nas graças do publico, e vocês sabem que sempre da merda quando isso acontece não é? Agora, se manterem as coisas boas e diminuírem as ruins na próxima temporada, certamente essa minha nota final aumentara.

Nota: 8,5