segunda-feira, 15 de março de 2010

A Menina da Sexta Lua



• Autora: Moony Witcher (pseudônimo de Roberta Rizzo)
• Editora: Best Seller
• Gênero: Aventura infanto juvenil
• Ano: 2006 (4ª edição)
• Número de páginas: 287
• Onde adquirir: Galileu, Fnac, Livraria da Travessa, Arte Pau Brasil

“Uma menina de aspecto frágil e muito inteligente percebe num relance o eterno desafio entre o Bem e o Mal: O seu grande amor pela vida e uma curiosidade sem limites são as armas para compreender e depois derrotar o Mundo Escuro para dar espaço ao Mundo da Luz. Onde a fantasia e a magia, nada mais, podem criar a realidade…”


Nina é uma menina de 10 anos, que vive com as duas tias-avós (Andora e Carmem), o cachorro Adônis e o gato Platão em Madri. Seus pais trabalham no Ferk, o Centro de Pesquisas de Moscou, para o governo russo, em um setor dedicado a descobrir vidas extraterrestres e não têm tempo de criar a filha, por isso ela vive na Espanha com as tias. Seu avô, Michajl Mesinskj, mais conhecido como vovô Misha, é um alquimista russo que mora em Veneza.

A vida de Nina em Madri não é nada fácil. Embora adorada pela doce tia Carmem, a outra tia, Andora, faz da vida de Nina um inferno, obrigando-a a estudar duro e lhe espancando sempre que possível. Nina, fã de alquimia e ficção científica, sonha em ir morar com seu avô, mas nunca pode sair da Espanha. Ela gosta muito de estudar as fórmulas alquímicas e ler sobre importantes pesquisadores, sendo o russo Birian Birov e o italiano Tadino de Giorgis seus autores favoritos.

Um belo dia, Nina recebe a péssima notícia de que seu avô vem a falecer, sob circunstâncias misteriosas. Nina deve ir imediatamente à Vila Espásia, local que seu avô vivia em Veneza, para o funeral. Lá, ela reencontra a governanta da casa, Ljuba, que é chamada por Nina de Merengue, mas no livro é conhecida como a “Mamã Russa”. Quando o tabelião lê o testamento do vovô Misha, descobre-se que ele deixou tudo para a neta e que ela deve morar na Vila Espásia e ter acesso a todos os cômodos da casa (coisa que nem a governanta podia fazer).

Diante disso, Nina começa a descobrir diversas cartas que o avô lhe deixou, em locais estratégicos, que lhe incitam a aprender mais alquimia e procurar sempre mais e mais lugares secretos na mansão. Assim, Nina descobre inúmeros laboratórios do avô, inclusive debaixo do mar. Ela também descobre os segredos do avô, todo o seu passado alquímico e até as coisas mágicas, como o cetro Taldom Lux e o livro mágico Systema Magicum Universi, que tem apenas uma página líquida que responde tudo com sons, se você tocar nesta página. Assim, ela fica sabendo da existência de Xorax, a Sexta Lua da Galáxia de Alquimídia.

Seguindo as fórmulas químicas certas e com a ajuda dos objetos mágicos (principalmente o livro), Nina consegue viajar à Sexta Lua, um lugar mágico, onde os seres são de luz e há animais fantásticos. Lá, ela conversa com a Madre Alquimista e descobre que ela (Nina) é a menina da Sexta Lua e que deve ajudar a salvar Xorax, que corre o risco de desaparecer. Agora, como ela irá salvar e qual é o risco que corre Xorax, perguntará você que está lendo esta crônica. A Sexta Lua é a responsável pela existência do Universo, com sua mágica. Pois esta mágica é alimentada pelo pensamento das crianças da Terra (acreditem se quiserem!) e um mago mau, chamado Karkon Ca’Doro, está bloqueando esta transmissão. Em outras palavras, as crianças não estão mais pensando, ou seja, criando, e isso está fazendo com que Xorax morra.

A missão de Nina é impedir que Karkon faça isso e, para tal, ela tem que desvendar os quatro arcanos e desbloqueá-los para que as crianças voltem a pensar. O primeiro está na Ilha de Páscoa e é justamente nas famosas e misteriosas estátuas, que estão olhando para o céu, em direção a Xorax. Os outros três arcanos não são revelados neste livro, incrivelmente.

Karkon também mora em Veneza, é dono de um orfanato de onde só saem crianças maléficas. As crianças, na verdade, são andróides, criados por Karkon justamente para atazanar as outras crianças e impedir que elas continuem pensando e criando, sendo as duas mais perigosas os “gêmeos” Alvise e Barbessa. Foi Karkon quem matou o vovô Misha e tenta, a todo custo, matar Nina. A menina conta com quatro amigos que eram uma espécie de aprendizes de seu avô: Flor, Dodô, Roxy e Cesco (o Todd Grisham aí da capa do livro), todos com 10 anos de idade, além do andróide Max, criado por seu avô.

Após passar por inúmeras dificuldades no castelo/orfanato de Karkon e de ir à Ilha de Páscoa desbloquear a magia má de Karkon, Nina se vê diante de outra dificuldade, recuperar o Leão Alado de San Marco, uma estátua de mármore que fica na praça San Marco e que, reza a lenda, tem um cálice de pedra na goela. Este leão e seu cálice devem se manter no pedestal na praça San Marco, caso contrário, Veneza desaparecerá debaixo d’água. Karkon roubou o Leão, comprou sua alma e tirou o cálice, mas a menina consegue recuperar o cálice e devolver o Leão ao seu lugar, impedindo Veneza de afundar.


Nota 4: Ruim de dar dó!

Você, que está aí lendo essa mini-crônica e vendo a nota baixa, deve estar pensando “ô cara chato! Contou todo o livro!”. É isso mesmo, eu contei quase tudo o que acontece no livro, porque o livro é ruim demais!

Assim, é uma história para crianças, não tem uma trama envolvente que permeia a maioria dos livros que você vê no Bordoada Cerebral, mas até por ser um livro para crianças, a nota seria baixa, pois uma criança que tem a idade mínima para ler este livro não tem saco para ler quase 300 páginas em um livro apenas.

Além disso, a história em si é deveras fantasiosa. Mistura (muito mal, por sinal) alquimia, magia, andróides, astronomia... parece mais um jogo de vídeo game para crianças, com fases. Porque Nina tem um objetivo por capítulo e o cumpre sem a menor dificuldade. O mago mau, que matou seu avô, não consegue pegar a menina uma vez sequer. Ela entra e sai do seu castelo a hora que quiser, estapeia a cara dele, mostra a língua, vai embora e o mago nada faz!

Além disso, a autora errou feio na história em diversos pontos, sendo o principal o fato de uma menina de apenas 10 anos não brincar, viver para estudar alquimia, ser mestre em matemática (mas escorregar na tabuada do 9) e conseguir brigar contra um mago experiente, com uma coragem e destreza que pessoas com 30 anos não conseguem. Espanta saber que ela não é uma aberração, já que seus quatro amigos também têm 10 anos e são igualmente valentes e espertos.

Os personagens do livro são esquecidos no meio do caminho. O cão e o gato de Nina, outrora indispensáveis à trama, simplesmente deixam de existir. Os pais de Nina vivem trabalhando secretamente para os soviéticos e não aparecem uma única vez. A tia Carmem, a bondosa, é esquecida logo de cara.

Mas o que é pior é o erro de português presente em diversas páginas. A pontuação não é o forte da tradutora, mas tem coisas que chegam a doer os olhos, como na página 213, onde Dodô come quatro sanduiches de muçarela e, no caderno do vovô Misha, onde ele cita as cores presentes na Sexta Lua e, em dado momento, aparece assim “preto, azul, marrom, azul, branco…”.

Enfim, para quem a crítica européia comparou com Harry Potter, se espera um pouco mais e este livro ficou muito abaixo das expectativas. Eu não gosto de colocar o tag de “fuja”, porque gosto ninguém discute. Mas, se você se aventurar a ler este livro, saiba duas coisas:

1. Eu não contei tudo o que há no livro, portanto você pode ter surpresas;

2. Saiba que a saga continua em “Nina e o Mistério da Oitava Nota” e “Nina e a Maldição da Serpente de Plumas”. E boa sorte!

Bom, agora é moda no Bordoada Cerebral a gente justificar as notas. Eu não vou fugir à regra. O meu critério não é bem definido, eu não uso notas quebradas para cada quesito preenchido.

A minha nota se baseia na diversão que você tem ao ler, na trama em si (se é bem delineada ou não), no histórico do autor, se a leitura é capaz de te prender… enfim, é uma nota lançada olhando para um todo e não para quesitos individuais.

2 comentários:

Rocha. disse...

deve ser frustrante ler um livro ruim, pois não é igual um filme que exige 2h de nossa vida. Exige muito mais atenção e dedicação. valeu pela dica para passar longe!

Juaum disse...

É dura a vida de crítico literário... mas eu gosto de ler, então até dos livros ruins eu tiro coisas boas. Eu queria ler este livro tem bem uns dois anos, baseado no que a crítica dizia. Foi decepcionante por um lado, mas foi um alívio pelo outro, porque eu finalmente pude lê-lo e dizer com toda propriedade: é ruim!