quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Preacher


Ano: 1995-2000
Roteiro: Garth Ennis
Desenhos: Steve Dillon, Glenn Fabry (capas)

Um padre com um poder divino, sua ex-namorada pistoleira e um vampiro irlandês saem pelos Estados unidos à procura de Deus.

O reverendo Jesse Custer acaba sendo hospedeiro de Gênesis, uma força cósmica proveniente do amor proibido entre um anjo e um demônio. Gênesis confere a Custer o dom da palavra, tudo o que o padre mandar alguém fazer, será feito sem questionar. Porém Custer também acaba descobrindo que Deus fugiu do Céu assim que Gênesis nasceu. Então o padre resolve ir atrás do Todo Poderoso e fazê-lo pagar por toda crueldade e desgraça que existe na sua terra abandonada.

Nesta história, Garth Ennis apela para os diálogos ácidos e bem construídos para caracterizar cada um de seus personagens e dar o tom da história.
A narrativa por vezes se torna cansativa, mas é sempre fundamental para se compreende o universo abordado pelo autor. Aqui, algumas idéias são baseadas em teorias conspiratórias sobre Jesus Cristo, igreja católica e blá blá blá. Basicamente o que o Dan Brown fez uns anos depois com o Código Da Vinci, Ennis fez na década de 90 com Preacher. Só que com mais demência, perversão, humor negro e violência.

Além disso, Ennis nos apresenta sua visão do mundo moderno através dos seus personagens. Custer é um padre que tem namorada, quase um ninfomaníaco, álcoolatra e porrador de primeira, que não liga mais para a palavra de Deus depois que descobriu que o mesmo abandonou sua criação. Tulipa O'haire (ex-namorada de Custer) é uma verdadeira ativista feminista, que apesar de não ter problemas com os homens odeia quando eles tentam protegê-la por ser mulher. Cara de Cu é a representação da juventude idiota que vem sendo moldada ao redor do mundo, a "geração MTV". Ele tentou se matar como Kurt Cobain, só que sobreviveu e ficou deformado. Além do vampiro irlandês Cassidy, que já viveu mais de 100 anos e não parece ter aprendido muita coisa sobre a vida além de abusar das pessoas.
Tudo isso regado a discussões sobre o American Way of Life e suas consequências como a Guerra do Vietnã, e o que isso de fato trouxe para a sociedade americana nestas últimas décadas.

Nesta toada, mesclando problemas passados da sociedade americana que se refletem em situações atuais, Garth Ennis monta na jornada caótica e sobrenatural de Jesse Custer uma saga até épica para mostrar que o destino dos homens não está nas mãos de outros que não deles mesmos.

Nota: 9,5

Recomendado!

Para: Fãs de Dan Brown, Garth Ennis, Vampiros machos o bastante para não brilhar no sol;

2 comentários:

Juaum disse...

Carlitos também entrou no clima esotérico, regado a Dan Brown, e colocou a sua visão, do ponto de vista dos quadrinhos.
Parece ser bem legal. É aquele desenho meio sujo, os personagens com roupas amarrotadas, fumando e bebendo. É bem estilo anos 90 esse desenho, né? Agora, eu nunca vou entender esses padres americanos, que comem as namoradas, bebem, se drogam e saem na porrada. E ainda são amigos de vampiros!!!
De qualquer forma, depois do Cruor dar 9,9, Carlitos dá 9,5. Tá alta a nota nesse início de ano. É para vagabundear o resto do ano e passar na média?

Rocha. disse...

hauihiahiaiua gostei do que o João falou de vagabundo passar por média!

e achei foda o estilo de desenho, vou ver se dou uma conferida!