segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O Ritual da Sombra




Autores: Eric Giacometti e Jacques Ravenne
Editora: Suma de Letras (Objetiva)
Gênero: Policial
Ano: 2008
Número de páginas: 395
Onde adquirir: http://www.objetiva.com.br/

“A carne se desprende dos ossos.”


A história começa no final da Segunda Guerra Mundial, mais precisamente no dia 25/04/1945, no bunker da Chancelaria do III Reich, em Berlim. François Le Guermand, SS francês que aderiu à causa nazista, é chamado para ir encontrar o secretário de Hitler, assim como outros oficiais. O Füher lhe confia a missão de transportar dezenas de caixas contendo alguns documentos importantíssimos até Beelitz, enterrar as caixas e seguir para a Suíça. Neste mesmo período, no campo de Dachau, três franco-maçons são mantidos presos e um deles é executado da mesma forma que o ancestral místico dos maçons, Hiram, com golpes no ombro, na nuca e na cabeça. Hiram foi o arquiteto que construiu o Templo de Salomão. Três companheiros tentaram arrancar de Hiram seus segredos e, diante da recusa deste, cada um lhe desferiu um golpe, que o levou à morte.


François partiu em sua missão, de levar os tais documentos importantíssimos até Beelitz, chefiando um comboio de cinco caminhões. No meio do caminho, o comboio foi interceptado por soldados russos, que começaram a atirar. O único caminhão a escapar foi o de François, o único que seguiu vivo nesta cruzada. Ele escapou freneticamente por um bosque, ferido e perdendo os sentidos. Quando o caminhão finalmente parou, em um rio lamacento, François resolveu ver o que aquelas caixas continham. Se desesperou ao ver um monte de papéis com símbolos estranhos. Rindo, debilmente, François perdeu os sentidos. Naquele mesmo momento, em Berlim, Hitler enfiava uma bala na cabeça e acabava com o pior período da história da humanidade.


Voltando ao tempo presente, uma sessão na loja maçônica Alexandre Cagliostro, em Roma, está se encerrando. O orador é Antoine Marcas, policial francês cuja grande paixão é o estudo da maçonaria. Ele tem uma festa na embaixada francesa após sua apresentação e, desculpando-se com os irmãos maçônicos que queriam que ele ficasse para a sessão do ágape, migra para a embaixada, onde iria encontrar seu amigo, Alexis Jaigu, integrante do alto círculo militar francês. A festa, com inúmeras mulheres bonitas e comida de primeira, parecia um paraíso a Marcas, que tentou se engraçar com uma das convidadas, Sophie Dawes, mas acabou levando um fora. Bissexual, Sophie foi para outro ambiente, mais quieto, na companhia de uma mulher muito atraente, que se apresentou como Helene. Mas o que parecia o início de um amor lésbico, acabou em tragédia. Helene exigiu de Sophie os documentos que esta portava para Marek em Jerusalém. Sophie disse a Helene que os documentos estavam no seu quarto no hotel. Após isso, Sophie morreu com três golpes: um no ombro, um na nuca e outro na cabeça.


Quase que ao mesmo tempo em que isso ocorria, em Jerusalém, um dos dois sobreviventes maçons do campo de Dachau, Marek, caía em cima de seu mais novo tesouro. Ele tinha comprado a Pedra de Thebbah de Alex Perillian, um mercador inescrupuloso. Esta Pedra é um tesouro dos maçons, por conter escritos que revelam muita coisa do ritual deles. Perillian recebeu a visita de Béchir Al Khansa, que se auto-intitulava Emir. Béchir, um temido assassino, sempre recebia uma parte nas negociações de Perillian. Só que desta vez, ele tinha sido contratado por uma organização secreta para recuperar a Pedra de Thebbah e, por isso, obrigou Perillian a telefonar para Marek e inventar uma história que permitisse a Béchir ter contato com a Pedra de Thebbah. Após conseguir tal contato, Béchir matou Perillian e, em seguida, Marek, sendo que este foi morto da mesma forma que Hiram: golpes no ombro, nuca e pescoço.


A partir daí, entram em cena os dois protagonistas da história. Antoine Marcas, devidamente apresentado, e Jade Zewinski, chefe de segurança da embaixada e grande amiga de Sophie. O gênio dos dois é totalmente adverso. Enquanto Marcas é maçom ferrenho e uma pessoa amável, Jade é completamente anti-maçônica e uma pessoa um tanto quanto inflexível, amarga. Eles não gostam um do outro, mas terão que trabalhar juntos por ordens do governo francês, que não quer admitir que houve um homicídio dentro de sua embaixada.


A história se divide em várias frentes. As investigações de Jade e Antoine seguem, com altas doses de grosseria e tratamento nada amável de ambas as partes. A peregrinação da assassina de Sophie, Helene (que agora assume a identidade de Joana), com ordens para matar Jade e conseguir os documentos que Sophie lhe confiou (e que não estavam no quarto de hotel). A peregrinação de Béchir, para levar a Pedra de Thebbah à organização Thulé, de origem germânica, rivais históricos dos maçons. Esta organização também tem seu rumo a seguir nesta história, financiando os assassinos, atrás do tesouro que a Pedra de Thebbah e os documentos de Sophie carregam.


Béchir é perseguido por agentes israelenses e só não é pego porque a Thulé enviou agentes para protegê-lo. Após conseguir entregar a Pedra ao seu contato na França, Béchir percebe que não será pago, mas sim morto e tenta fugir. Mas é pego e morre lentamente, no castelo da Thulé, nas mãos do torturador conhecido como O Jardineiro, que usa uma podadeira para arrancar partes do corpo da vítima dia após dia, até a vítima revelar o que ele quer saber, implorando para ser morta (método engenhoso, hein?).


Enquanto Marcas encontra-se com outros franco-maçons importantes e sabe mais o que a Thulé procura, Jade faz a investigação ao seu modo, utilizando todo o conhecimento de anos de prática nas embaixadas francesas mundo afora. Porém, Jade desconhece que Joana está atrás dela e é pega ao sair do provador de uma loja. Joana usava um anel com uma ponta metálica embebida em uma substância que faz a pessoa perder as forças. Com isso, Jade é levada para o castelo da Thulé, para que o Jardineiro lhe arranque partes do corpo e o paradeiro dos documentos. Jade consegue fugir do castelo por sorte, aproveitando-se do fato de Joana ser lésbica e querer se divertir com ela antes do Jardineiro fazer seu trabalho. Seduzindo a matadora, Jade escapa de uma forma bem ao estilo McGuyver e vai ao encontro de Marcas.


Apesar de se odiarem, um não sai da cabeça do outro, tal qual os filminhos adolescentes que costumamos ver. Só não assumem um ao outro o amor que lhes nutre. Mas eles continuam juntos, a fim de descobrir o grande tesouro maçônico que a Pedra de Thebbah e os documentos revelam. Paralelamente a isso, o líder da Thulé voltado para aquele objetivo, conhecido como Sol, continua sua busca, a despeito dos outros membros do diretório, que acham que tal busca expõe a organização, além de ser utópica.


A partir daí, não posso dizer muita coisa, pois estaria entregando os pontos-chave do livro. O que posso adiantar é que:

• O tesouro que a Pedra e os documentos revelam é uma bebida, que pode fazer com que aquele que bebe encontra-se com as divindades, principalmente Jesus, Maria e Deus;

• Sol é o nome que François Le Guermand adotou após escapar da morte, naquele fatídico dia em que Hitler se suicidou;

• Outros maçons também procuram a bebida sagrada;

• O diretório resolve matar Sol, por achar que aquela briga não está levando a nada. A pergunta que só será respondida ao ler o livro é: Eles conseguirão matar Sol?



Nota 6:

Recomendado a poucos.


Os autores perdem muito tempo abrindo parênteses longos, para explicar algumas coisas durante a história. Perde-se um grande número de páginas para explicar como Antoine Marcas se lembra de uma sessão em uma loja maçônica há 10 anos, por exemplo, ou como Jade se lembra do dia em que Sophie contou a ela ser bissexual. Isso cansa a vista e faz com que o foco na leitura se perca e, conseqüentemente, a sua concentração na história também se perde. Também deixam o leitor um pouco confuso com uma quantidade enorme de nomes maçônicos, fatos históricos e locais que nem todo mundo sabe onde ou o que é.


Este livro é recomendado a quem se interessa pela história maçônica ou por fatos da Segunda Guerra Mundial e dos nazistas, pois os parênteses também explicam muita coisa, servindo como uma grande aula de história.


Como há aqueles que se interessaram por sociedades secretas desde que o Código Da Vinci foi lançado, este livro é uma boa fonte de conhecimento sobre as causas maçônicas. Seus rituais de iniciação, as sessões em cada loja, o que cada loja prega, as perseguições sofridas…
Mesmo assim, o livro merece uma nota mediana, porque a partir da página 200, mais ou menos, os parênteses ficam mais escassos e a ação começa a correr mais solta, virando aí sim, um autêntico livro policial, com traições, reviravoltas, assassinatos.


No final do livro, ainda há um anexo muito interessante, explicando sobre os arquivos maçônicos, as perseguições de políticos famosos na França, publicações sobre a maçonaria, Thulé e Ahnenerbe, plantas alucinógenas e alguns locais tratados como sagrados no livro. Este anexo é muito interessante porque, além de explicar o que cada coisa significa, ainda traz sites interessantes e publicações a respeito.


No final do anexo, ainda há um glossário maçônico, com o significado dos termos que eles utilizam e a importância desses termos na hierarquia maçônica. Enfim, se você quiser estudar e se divertir, este é um bom livro.

3 comentários:

Cruor disse...

Nao me entra na cabeca ler um livro que contem informacoes sobre uma sociedade secreta ''real'', pois acho incoerente demais, sei que existe maconaria a muitos anos e tal mas é foda conseguir crer que exista tanto poder por tras ja que a maconaria é a sociedade secreta mais conhecida do mundo...

O cruorismo é mais secreto pois so eu sei os rituais sagrados =P

e bom pela analise o que me passou a parte legal ta justamente na parte maconica/historica do que na trama do livro entao nem vou atras...

Juaum disse...

Ih, então você nem vai querer ler o último Dan Brown. O Símbolo Perdido é justamente sobre... maçonaria! Isso é irônico, porque eu acabei de ler o Ritual da Sombra e já engrenei no Símbolo Perdido. Overdose de maçonaria nos últimos 2 meses!

Eu nem ligo disso, acho legal como eles fantasiam em cima de certos mitos e teorias de uma sociedade ou religião. Afinal, trata-se de ficção, onde tudo pode ser criado, né? Deixa para os "Desvendando", "Desmistificando" da vida desfazer a história criada no livro...

E sobre o Crorismo, eu conheço alguns rituais sagrados, principalmente aqueles que se referem a se fantasiar de emo e papar as eminhas...

Cruor disse...

Dan Brown eu acho que ele é um escritor bom (nao incrivel) e que ele so sabe escrever um tipo de estrutura pois todos livros sao meio ''iguais'' na formula.

E eu gosto do tema Sociedade Secreta e ate mesmo isso de pegar fatos reais e transformar em outra coisa, nao gosto de confundir ficcao com realidade mas no caso ''maconaria'' eu nao consigo entrar no clima pois leio como eles sao fodao e lembro de um babaca falando sobre ser membro no programa da luciana gimenes... Tipo é meio que sentir medo de um vampiro aterrador depois de tantos exemplos de vampiros ''ui ui ui'' que tivemos nos ultimos 2 anos...