quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Distrito 9


Ano:
2009
Diretor: Neill Blomkamp
Roteiro: Neill Blomkamp e Terri Tatchell
Gênero: Ficção Científica, "Mockumentary"

Esse "documentário" acompanha o trabalho de Mikus Van De Merwe, um funcionário de uma empresa privada contratado para lidar com aliens que habitam a terra faz 30 anos.

Uma gigantesca nave alienígena chegou na terra faz quase 30 anos e se instalou acima da África do Sul. Depois de um tempo sem acontecer nada os governos mundiais resolvem "invadir" a nave, e descobrem que seus passageiros estão morrendo de alguma doença estranha. Imediatamente os aliens, em forma de inseto/molusco, são alocados embaixo da nave no bairro que ficou a ser conhecido como Distrito 9, e logo se torna uma grande favela alien.
Depois de vários anos a tensão entre humanos e aliens está explodindo, é então que a MNU (Multi-National United) é contratada para realocar os aliens para um novo lugar. Mas essa não é realmente a verdadeira intenção do órgão governamental.

Distrito 9 é uma das grandes surpresas do gênero Sci Fi não só desse ano como da década. Desde a linguagem escolhida para o filme até a história, tudo passa por uma nova visão de alienígenas no que tange o cinema.
Como deu para perceber pelo breve resumo, a história trata basicamente do Apartheid mudando os negros para os aliens, ou melhor "não-humanos". Todos os filmes de alienígenas até hoje se dividiam em "Et's conquistadores" ou "Et's gente boa", e Distrito 9 muda completamente essa perspectiva. Os et's, aqui chamados de "camarões" pela semelhança física com o crustáceo, não são inteiramente bons ou inteiramente maus, eles são uma sociedade diversificada, como os seres humanos.

Eles não vieram conquistar a terra ou salvá-la, eles estão fugindo do seu mundo tentando achar outro lugar para sobreviver. E aí entra a visão humana do negócio. Como sempre, a humanidade teme e violenta aqueles que são diferentes, e os camarões não fogem a regra. São marginalizados para as favelas (Na África do Sul eles chamam as favelas de Distritos, daí o nome do filme) e logo explorados. É então que entra a MNU em plano, e a linguagem diferenciada do filme.

O estilo "mockumentary" já está presente faz um tempo no cinema. Desde a Bruxa de Blair, passando por Cloverfield, Rec e a série The Office, em Distrito 9 esse documentário "de mentira" funciona perfeitamente. De início existem várias "entrevistas" com pessoas comuns sobre a situação dos et's, os incidentes que são narrados no filme e sobre as intenções da MNU, depois acompanhamos o trabalho de Mikus Van De Merwe, que tem a missão de realocar os alienígenas do Distrito 9 para novas áreas habitacionais. Mikus é uma pessoa comum, bem nerd mas comum, que apesar de manter um certo caráter e idéias "igualitárias", toma algumas atitudes por vezes preconceituosas, como qualquer pessoa. Quem nunca fez uma piadinha racista, mas ao mesmo tempo se sente alheio ao preconceito porque tem um parente/amigo/si próprio negro, gay e afins?

Neste momento também temos contato com a força de "paz" da MNU, soldados treinados para garantir a segurança dos humanos e não-humanos. Já devem ter percebido a clara sátira da ONU no filme, e suas forças de paz que garantem a tranquilidade do povo matando todo mundo em zonas de guerra.
Fora isso, a MNU quer descobrir um jeito de utilizar as armas dos aliens, que só são ativadas pelo seu DNA. É então que Mikus ganha um papel fundamental na história e o foco documentarista da filmagem muda para um filme de ficção normal, mas sem abandonar o tom real. Realidade esta que é absurda. As armas, naves, aliens, tudo é feito com uma qualidade impecável, ainda mais se levar em conta que o orçamento do filme não passou de 30 milhões de dólares!
Quando o Mikus passa a ser o ponto chave do filme, as situações se revertem. Ele, uma pessoa comum com suas convicções e preconceitos latentes que todos nós temos, começa a perceber as brutalidades que o ser humano é capaz de fazer para satisfazer suas próprias vontades. E mesmo sendo alvo dessas brutalidades, não deixa de querer suprir as próprias necessidades em detrimento do todo.

Acredito que Distrito 9 é um marco na ficção científica não só pela qualidade do filme e sua história, mas pela forma revolucionária de abordar o tema e sua relação com a realidade social humana.

Nota: 9,0

Recomendado!

Para: Fãs de Sci Fi, quem procura algo novo no cinema.

6 comentários:

Cruor disse...

Fodaum, nao tenho nada a acrescentar so que esse filme foi muito bom, por ser um conjunto como voce mesmo falou, é um bom filme, tem uma boa critica, um bom roteiro...

Anônimo disse...

Será que já tem em DVD isso? (não tem como baixar porque meu HD já tá nas últimas...)
Acho que nunca senti tanta vontade de ver um filme de ficção científica. Ótimo post, parabéns!

Ferraro disse...

Poutz!!
Ótimo filme mesmo, muito bom o post.

...eu imaginei diversas situações. Mas a MNU fazendo mutirão para intimar os Aliens para despejar e transferir para outro acampamento (pior, pegando as assinaturas deles)...isso nunca. - até dúvido que fariam isso, provavelmente iriam fazer na força e foda-se, se fosse na realidade.

E o personagem principal, nada de mocinho fodão, tipo Tom Cruise em A Guerra dos Mundos, o personagem principal se apresenta bem normal, as vezes até bundão demais...

...só não vai gostar quem realmente não tem saco pra ver filme com aliens.

Já pensando me ver outra vez...

Carlão disse...

@Kitsune:

Saiu nos cinemas essa semana, dá uma conferida porque vale muito a pena.

Anônimo disse...

Opa, então tá em cartaz ainda? Irei ver com certeza.

Rocha. disse...

Eu vi esse filme e é realmente excelente! Totalmente diferente de tudo que eu já vi antes, os personagens, enredo, tudo, muito bom!