Diretor: Nelson Yu Lik-wai
Ano: 2008
Roteirista: Fernando Bonassi, Fendou Liu
Gênero: Crime
Co-produção, japonesa, chinesa e brasileira. Ambientado no Brasil conta a historia de Yuda (Anthony Wong Chau-Sang) e Kirin (Jô Odagiri) ‘’reis’’ da pirataria no bairro da Liberdade
Um filme incrível, envolvendo toda uma simbologia por traz. Logo na primeira cena vemos a família de Kirin fugindo de bandidos na Amazônia e Kirin ainda uma criança presenciando a morte de seus pais e tendo uma visão de um tigre branco (‘’Hu’’ tigre em chinês simboliza o poder, a paixão e a audácia. Inspira a admiração, mas também temor. O tigre representa toda a personalidade de Kirin adulto). Kirin consegue sair com vida do ataque e é salvo por Yuda que se torna seu pai adotivo.
Yuda tem uma história de superação (torpe, mas ainda assim de superação) sendo um imigrante que vendia ferro velho, depois trazendo muamba do Paraguai e na época atual do filme sendo dono de vários shoppings de produtos pirateados. Em uma clara crítica social, somos atingidos com um tapa na cara, conforme a história vai se desenrolando e vemos políticos e policiais trabalhando em conjunto com o crime, até mesmo criando apreensões e prisões ‘’estéticas’’ que acabam virando um show para a mídia e assim mantendo as aparências, para ‘’os gringos’’ como o político interpretado por Alexandre Borges (que não é o Jason) mesmo declara.
E o que falar da vingança de Kirin contra a hipocrisia? Em uma cena digna de filmes de samurai, uma batalha campal envolvendo duas gangues com espadas. A neve no final da batalha representando a água que purga os pecados da cidade de plástico, composta por uma fachada de beleza e com seu interior podre representado muito bem pelos próprios produtos piratas citados no filme!
Hehehehehheeheheh.... Calma gente! Aproveitei essa análise para fazer uma critica a esse povo que não assiste filmes para se divertir, mas sim para ficar enchendo o saco vendo analogias e simbologias que não estão necessariamente presentes ou que seja a intenção do cineasta, e queria brincar um pouco com isso, me esforçando o máximo para conseguir encontrar (ou inventar) possíveis significados às cenas bizarras do filme, se você pesquisar sobre o horóscopo chinês e se esforçar vai ver que Kirin talvez foi inspirado e a visão de um tigre branco na Amazônia seja uma simbologia a isso (ou não). Porém esse filme chegou a ser vaiado em Veneza, e recebeu só críticas ruins, apesar de concordar que o filme é ‘’mucho loco’’ não deixa de ser estranho ver que críticos se esforçam tanto para dar significado a alguns filmes e outros levam ao pé da letra. Desculpe-me aos que não gostaram desse meu protesto, mas eu precisava desabafar =P Agora segue a crítica real e como eu assisti o filme, procurando significados, acabei citando o que acho que talvez represente, se preferir pode apenas ignorar.
A história é simples até a metade do filme, mostrando Kirin um jovem adulto envolvido com o crime da pirataria, o filme mostra que tem pessoas normais que precisam trabalhar e a venda de materiais piratas é uma solução, o show político que acaba sendo construído nas apreensões, como sendo realmente um show armado e para passar uma boa imagem a investidores ‘’gringos’’.
Kirin seria um ‘’malaco gente boa’’. Ele namora uma prostituta que tem um filho em outra cidade e a garota quer sair dessa vida, voltar para seu filho e voltar a ter uma família. Kirin tem amigos da periferia, anda de bermudão, havaianas e dirige um Opalão.
Já Yuda seria mais um Yakuza de filme americano, mais sério, introspectivo e com frases que não fazem sentido algum (ou fazem para a cultura oriental).
Essa primeira parte conta com pouca simbologia (ou viagens como preferir) e a única coisa que desagrada são os atores com um péssimo português sendo dublados, e pra isso o diretor abusa de ângulos bizarros, com personagens falando de costas, câmera mostrando de longe e movimentos para evitar deixar a dublagem tão ‘’na cara’’, mas a voz do dublador é a do goku =P
A segunda parte do filme é uma viagem de LSD, Kirin vai preso por matar um homem (e abraçar de vez a vida de bandido contrariando a namorada e os amigos) e ai talvez representando a confusão na mente de Kirin o filme toma uma narrativa que dá a impressão que falta pedaços, ele tá preso, depois tá solto, depois tá tentando pegar a mulher do chefe, depois chora porque a prostituta cansou da vida de puta e foi atrás de seu sonho (rever o filho) sendo uma parte bastante confusa e cansativa. Antes que eu acabe contando o filme todo, só gostaria de falar de uma das cenas mais nonsense que eu já vi na vida.
Chega um bandido que fala inglês e acho que foi para mostrar que os próprios ‘’gringos’’ é que estavam querendo assumir essa parcela do crime organizado e assim sendo os líderes de uma grande conspiração, pressionando o governo contra a pirataria e eles mesmos lucrando com ela (digo ‘’acho’’ porque para enxergar isso você deve ter lido essa análise antes ou estar com muita vontade de achar significado). Esse personagem que fala inglês ao que parece também é responsável de alguma forma (por que é um coadjuvante qualquer que atira e nem é pego) por um atentado a Yuda, fazendo com que Kirin reúna seus amigos em busca de vingança...
Kirin faz um discurso digno de samurai falando que eles não devem temer a morte, mas sim querer! *teoricamente samurais acreditavam nisso*.
O problema nessa cena é que é um monte de moleque, adolescentes e crianças, gritando ‘’vingança, vingança’’ ou ‘’morte, morte’’ empunhando paus e pedaços de ferro... Depois mostra a gangue do cara que fala inglês com rostos pintados tipo ‘’tribo africana’’ (talvez analogia a bárbaros?) e os ‘’samurais’’ que realmente estão usando espadas! Tudo isso em cima de uma estrutura de viaduto que está em construção, ai rola uma pancadaria campal no estilo ‘’300’’ com bastante sangue voando (achou bizarro? Eu também, mas foi legal).
Ainda tem meia hora de filme ou mais pela frente, mostrando Kirin e outros personagens ‘’perdidos’’ (talvez simbolizando que a vingança não trouxe paz, mas sim o contrário) e o final com Kirin se reencontrando com Yuda (que eu não entendi e já não estava mais com paciência para tentar entender).
Caso você se animou com o filme e está me xingando por achar que contei o filme todo, pode se acalmar, pois isso só foram algumas cenas e apesar de só ter uma hora e trinta e cinco ainda tem muita coisa no meio e no final. Mas que fique claro que é um filme complicado, confuso e até chato, em várias partes.
Para terem uma idéia o Carlos viu primeiro e disse que não conseguia fazer uma análise disso...
Nota: 6
Se você tiver um conhecimento prévio de algumas coisas, ou tiver a fim de ver um filme ‘’malucão’’ já consciente disso, talvez possa até gostar, no meu caso eu já sabia e achei divertido até perto do final que aí cansou e eu já não estava mais no espírito.
Para: ver chapado
*Apesar de ter brincado bastante nessa análise, a simbologia que citei é real (se foi intenção já não sei, e nem cabe a minha pessoa afirmar ou pagar de dono da verdade), filmes orientais são complicados para digerir justamente pela cultura ser muito diferente, da mesma forma que um japonês não entende alguns costumes brasileiros, e ao contrário de filmes americanos que expressões são adaptadas, nos filmes orientais elas são simplesmente traduzidas, enfim basta lembrar que ‘’a cobra vai fumar’’ não tem o mesmo significado de ‘’ the snake will smoke’’ ;-)
Há sim, e se você não entender o filme ou nem quiser entender, tá certo também, o diretor (ou a distribuidora adaptando o filme) que deveria ter feito algo que desse para consumir e não você espectador sendo obrigado a estudar e se esforçar pra compreender a obra.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Plastic City (Dangkou)
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3 comentários:
Nossa, com tudo isso, ainda fiquei com uma vontade de ver o filme...
Quase a mesma sensação de quando ouvi falar sobre o livro Ulisses.
Ótimo post =)
Ah, e boa crítica também xD
Esse filme é muito louco, no sentido de demência mesmo. Vale pela puta pagando peitinho e a batalha campal bizarra.
achei interessante esse dai, mesmo com a nota não muito boa! tentarei ver!
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