segunda-feira, 11 de maio de 2009

Religulous


Direção: Larry Charles
Roteiro: Bill Maher
Ano: 2008
Gênero: Documentário/Comédia
Análise por: Kitsune

Breve Descrição:

Em Religulous, o comediante Bill Maher usa de sarcasmo, ironia e boa argumentação para (o que parecia ser) uma descompromissada sessão de entrevistas com vários (líderes ou não) religiosos. Mas o que vemos aqui é o fim do poder lógico da religião, uma destruição completa dos pilares de fé de quem assiste o documentário desarmado.

Maher é um agnóstico que nunca escondeu seu desgosto pela religião – não no que se refere a crença em deus (es), mas no poder destrutivo da fé que move massas populacionais. Ele retrata, em alguns curtos momentos, como era entediante ter de ir à Igreja, durante a infância. Depois, conta que toda a família desistiu de faze-lo. Diz: “Sim, vocês podem ter razão, ou não, e é essa a minha forma de pensar: ‘Eu Não Sei!’ essa é a minha doutrina.”

Ele entrevista, atiça, provoca, e em alguns casos até nos faz rir da cara dos entrevistados. Suas perguntas não tem resposta. Por que? Simples: enquanto se assiste a obra, chegamos ao ponto em que os buracos e falhas lógicas das escrituras sagradas (e não importa qual delas for!) são desnudos. Os líderes religiosos que Maher interroga ficam de queixo caído, sem palavras – mal tentam gaguejar palavras para defender-se de sua própria hipocrisia. O divertido aqui é que ele pula de momentos de ironia profunda para a inocência, e pega-os de jeito mesmo sem querer. Nota-se que o seu conhecimento científico, histórico, religioso, e filosófico é apontadíssimo.

E no final, voltamos ao começo. Megiddo, Israel, fechando com chave de ouro:
“A ironia da religião é que, por causa do seu poder de divergir o homem para fins destrutivos, o mundo pode mesmo acabar. O fato é que a religião tem de morrer para o homem sobreviver.Já está ficando tarde para que as pessoas religiosas decidam por nós. Fé se tornou uma virtude, e não pensar não é algo para se orgulhar. A religião é perigosa porque permite a seres humanos que não tem todas as respostas, pensarem o inverso. A única atitude apropriada sobre as grandes questões, não é a certeza arrogante da religião, mas a dúvida. A dúvida é humilde, e é isso que o ser humano precisa ser. Vamos nos lembrar qual era o verdadeiro problema: que aprendemos a precipitar a morte massiva antes de ultrapassarmos a disfunção neurológica de o desejar. É isto. Cresçam ou morram.”

Avaliação
Argumentação: 4/5
Revolução idelógica: 4,5/5
Humor: 3,5/5
Ritmo: 3,5/5
Geral: 3,9

Curiosidades:
Foi dito a todos os entrevistados que o nome do documentário seria "A Spiritual Journey", “Uma Jornada Espiritual”, em tradução livre.
Era planejado o lançamento para Março de 2008, porém o mesmo só foi possível em Outubro.

Veja se: gostar de discutir religião e derivados.
Não veja se: não pensar na possibilidade de mudar de idéia completamente.

10 comentários:

Cruor disse...

Review bem bacana, gostei mesmo, mas o filme nao me chamou tanto a atencao, mais pelo destaque la ''Larry Charles the director of Borat'' se tiver o mesmo andamento do Borat eu vou dormir...

quanto o assunto religiao, eu nao tenho problema algum com a religiao, mas nao consigo aguentar religiosos, sao os religiosos que usam a religiao como arma ou como motivo de ignorancia, nao a religiao em si. Da mesma forma temos pessoas usam ideais politicos, raciais e ate cientificos para dar base para ideais/ideias cretinos

enfim nao importa religiao, gosto, ,conhecimento, mas sim como a pessoa usa isso, ainda na opiniao pessoal, esse tipo de assunto nao me agrada, porque religioes sao faceis de serem criticadas e a discucao é sempre a mesma, talvez se um dia aparecer algo que levante questoes com respeito ai sim teremos boas discucoes e que podem chegar a algun lugar, afinal se apessoa acredita em algo e se sente ofendida como o assunto é explorado nao vai levar questoes algumas, e aqueles que ja tem uma opniao formada vao simplesmente concordar.

Kitsune disse...

Valeu =D
Eu nunca vi o Borat para poder comparar as atuações do diretor, mas posso fazer isso.

Faltou eu escrever sobre uma coisa bem legal do documentário, que são as partes recortadas de outros filmes/séries. Elas aparecem de repente e se encaixam com o momento de uma forma muito boa.
Por exemplo, quando Maher faz uma pergunta tão cabeluda ao entrevistado, que ele fica sem resposta por um tempão; puseram, logo depois, um instante de um filme em que Jesus leva um tapa dum romano, na hora da crucificação.
Vale citar também os poucos segundos em que o 'deus' de Monty Python: Em Busca do Cálice Sagrado aparece. Esses trechos bobinhos criam uma conexão legal com o documentário e ajudam a deixar o clima mais leve.

E, por último, temos que levar em conta que Bill Maher não é um grande exemplo de pessoa, não. Apesar de isso ser engraçado quando se vê, ele acaba fazendo uma pequena apologia ao uso de drogas, indiretamente.

Acaba sendo algo feito para um público restrito; engloba todos aqueles que tem a mente aberta e que querem se divertir às custas dos caras de pau que ganham dinheiro encima da fé. Mas não se encontram ali os melhores argumentos pra alguém virar ateu, agnóstico ou teista sem religião. O documentário usa argumentos pouco profundos, apesar de ser instigante.
Talvez valha menos que a leitura de um livro ateista atual, como o do Richard Dawkins.

Ferraro disse...

Primeira sensação...perdi meu tempo.

Esse tal de Bill sei la o que é comediante? Já estava REZANDO pra terminar esse documentário...

...não gosto de discutir sobre religião...mas acho que esse cara fez de forma errada...e a mãe dele deve ser uma autoridade no assunto.

Coisa mais interessante do documentário que eu não sabia, sobre personagens que tiveram a mesma história de Jesus, data de nascimento, história de vida e talz...achei bem interessante, faz qulquer um balançar...pena que ele se dedicou pouco a isso.

Única coisa engraçada...o muçulmano com raiva do Bill estar na mesquita - "O programa desse cara é um saco...ele não é engraçado." - concordo em genero numero e grau.

Acho que falhou gravamente nessa produção...mas não sou nenhuma autoridade no assunto...assim como a mãe dele não é...e vários outros aí entrevistados tbm não eram. Ele nunca conseguiria fazer alguém desistir de sua religão com isso...se era esse seu objetivo.

Devia ter se concentrado em fazer piadas.

..e olha que sou católico não praticante e conhece muito pouco dessa área de religião e achei que perdi meu tempo...qdo chegou aos 30 min eu já queria fazer outra coisa.

Kitsune disse...

Nossa, não esperava uma opinião tão forte contra o documentário o.o'

Leandro, além de não curtir o humor dele, nem a mãe dele (xD), o que mais te fez desgostar tanto do Religulous? Porque fora isso só ouvi tu falar mal da pessoa do Bill Maher xD
O fato de tu ter religião já diminui o interesse do documentário, ele é mais uma diversão para não-religiosos que um 'desconvertedor' (infelizmente)... Ter pouco conhecimento sobre religião também diminui o interesse pela pauta, óbvio.

Quanto às semelhanças nas histórias de Jesus com as de outros deuses, talvez você vá ficar mais impressionado se pesquisar por Zeitgeist no Youtube.

Cruor disse...

Huuum agora fiquei na duvida, porque o Borat é justamente um ''documentario'' que tenta ser engracado e muitos acharam divertido mas eu achei massante justamente pelas tentativas de fazer piada, seria tipo ''o enterro do anao'' la do panico e como falei antes o assunto ja nao me interessa muito e aparentemente a forma como foi trado nao vai me animou.

acho que irei ver apenas se tiver passando na tv.

Quanto ao assunto, um cara que descarta religioes por completo sem nem se perguntar ou se aprofundar no assunto nao seria tao mente fechada quanto um que segue a risca?

Ainda mais levando em conta que a ciencia esta em constante mudancas e cada nova descoberta gera novas perguntas.

Rocha. disse...

Gostei da discussão aqui... aaaaaah se todos posts fossem assim! :P

me pareceu, que se a pessoa é ateia (certo?) tende a gostar mais desse documentário (caso do Kitsune), mas se é religiosa, tende a não gostar (caso do Leandro).

Mas todos concordam né, que comédia que é comédia teria que pelo menos fazer rir ambas as partes? Tenho que ver pra ver se ele falha nisso!

Kitsune disse...

Acho que tá certo, Rocha. Mostrei pra outro amigo ateu e ele curtiu o documentário tanto quanto eu. Mas parece que falha no humor.

Pena que o Leandro não veio justificar a opinião =/.

Cruor disse...

eita... Sem querer ofender apenas tentar fazer uma critica construtiva e levantar uma questao

Se voce nos comentarios ja disse que nao tem tantos argumentos assim para lenvantar questoes interessantes para nao ateus, e agora falaha no humor, afinal das contas o que esta certo a analise ou os comentarios depois?

Pela analise eu ja vi que nao tem tanto humor mas a arguimentacao e os pontos me pareceram altos, mas aparentemente é igual falar pra quem curte rpg ''rpg faz bem ajuda na imaginacao'' sem explicar o porque para quem nao curte (tipo so quem curte rpg fica feliz mas nao serve pra nada pra quem nao gosta)

ou talvez seja mais algo ''falou tudo que eu penso porem nao explicou nada'' que a pessoa que tem a mesma ideologia acha o maximo mas quem nao compartilha disso nao ve nada de mais?

tipo nao to tentando analisar nem nada so queria entender a diferenca entre o texto e os comentarios

e assim nao é nada pessoal tambem, pode perguntar pro Rocha que eu sou chatao e fico discutindo pelo prazer de discutir :P Mas nao quero ofender ninguem so entender

Kitsune disse...

*Só por sorte resolvi ir olhar os comentários denovo xD*

Em primeiro lugar, eu também sou fã de uma discussão produtiva =P

Felizmente, a minha opinião sobre o documentário foi se reformando, conforme lia os comentários daqui.

O que penso agora é que o Religulous falhou em algo com a intenção de converter - consegue, entretanto, agradar em suas tiradas quem curte um estilo específico de humor (que o Leandro, por exemplo, não gostou, mas eu e um amigo meu curtimos pra caramba).
É meramente algo produzido para agradar um público muito específico - ateus e pessoas anti-religião, assim como alguns agnósticos. Não bastasse isso, tem que curtir o ritmo e de tipo de humor do diretor e do Maher.

Em suma, bom pra poucos. Hoje a minha nota pra ele seria menor.

Ferraro disse...

...opa, desculpa minha falha, crítica, nem vi que os posts dessa análise tinham rendido...

...eu não odeio o Bill, nem a mãe dele...não gostei que ele entrevistou a mãe no documentário como se fosse uma sumidade no assunto de religião...apenas isso. O que já me desapontou de início...com um argumento fraquissimo...o que contribuiu para a falta de interesse.

...não sou nenhum religioso dedicado, deve fazer muitos anos que não participo de nenhuma prática...arrisco mais de 10. Apenas tenho minhas crenças e penso que se todas as religiões têm o mesmo objetivo então não faz sentido religiosos terem discussões.

...sinceramente, não quero desmerecer o gosto de ninguém, mas alguém já viu alguma outra apresentação desse humorista....todas do mesmo nível (essa é minha crítica principal) ele é péssimo.

E eu já vi outras coisas que afrontam as crenças religiosas e garanto que da maioria eu gostei...

...e a todos que viram esse doc, revejam e notem como o Bill fica sem graça quando ele dá de cara com alguém que realmente sabe o que está falando (exemplo o velhinho, padre, no vaticano...que faz piada de algumas práticas realizadas por fanáticos católicos)...é muito fácil pegar um monte de fanático cego e rir da cara deles...como ele faz na maioria do documentário.

Na real, não é o tema, mas o docu,emtário é ruim, em conteúdo e piada, falha até no carisma do apresentador.

Mais uma vez não quero ofender ninguém, mas defendo o direito de ser ateu, religioso, satanista o caralho que for...não prejudicando os outros tá beleza.

E querem algo ridiculamente engraçado...somos um Estado Laico de direito, neutro, governo separado da religião...e no preâmbulo de nossa constituição estamos sob a proteção de Deus.