Ichi the Killer

Diretor: Takashi Miike
Ano: 2001
Roteiristas: Hideo Yamamoto (comic)
Sakichi Satô (screenplay)
Gênero: Ação / Crime / Gore

Um chefe da máfia Yakuza, chamado Anjo, desaparece com 300 milhões de yens, em uma cena onde todos acreditam que ele morreu, porém seu seguidor número um, o masoquista Kakihara, não acredita em sua morte e promete traze-lo de volta.

- Clique em leia mais para continuar o review, que não contem o final do filme, somente spoilers leves.

Ichi the Killer é surpreendente, pois nele não temos um herói amigo de todos, que fica filosofando e fazendo piadinhas, ao contrario disso, Ichi é um garoto perturbado, com sérios problemas psicológicos, e afetado de tal maneira que eu fiquei na dúvida, se ele era vilão ou realmente um herói!

Ele é um personagem bem construído, que apresenta esses fatores positivos que eu acabei de citar, porem possui erros, e um deles encontrados no Full Metal Yakuza (também de Miike), que é a roupa usada pelos personagens. Ambas são muito parecidas, e visualmente feias na minha opinião.
Ichi não usa espadas, nem metralhadoras, possui uma lamina em cada calcanhar, e com apenas um golpe conseguiu partir um homem ao meio, cena que eu não gostei muito, não por ser irrealista, mas sim por ter sido feita em CG e não ter ficado visualmente legal.
Com essas laminas nos calcanhares, ele só usa as pernas, e precisa fazer um movimento difícil com elas para matar as pessoas, mas mesmo assim ele entra em uma sala com mais de dez homens, e com seus golpes limitados consegue matar todos em segundos, cortando-os em pedacinhos. Mas essa mentirada toda não foi o pior, eu não gostei que não mostraram a cena, a câmera foca a porta por fora da sala e mostra, em uma CG muito mal feita, o sangue e pedaços de gente, desproporcionais ao cenário, voando para todos os lados. Ou seja, Ichi é um bom personagem, mas é melhor usado como psicopata, medroso e chorão, que mata as pessoas cortando a garganta do que o mestre nas artes marciais que mata dezenas de bandidos picotando eles com suas laminas.

Kakihara, o vilão, foi quem aumentou, e muito, o nível do filme.
Ele não é um vilão comum, muito pelo contrário, duvido muito que eu ache um igual, ou melhor, tão cedo (isso se eu encontrar).
O cara foi muito bem trabalhado e escrito, pois possui muitas características, que se divididas, conseguimos fazer vários ótimos vilões.
Aparentemente frio, mata as vitimas sem piedade, mas parece seguir um código de honra, como na parte em que tortura erroneamente um membro da gangue vizinha, e para se redimir do erro, corta parte da própria língua, demonstrando muita dor na hora do ato.

Alem disso, ele é sado-masoquista, adora apanhar, e tem uma filosofia muito boa, de que as pessoas não batem bem pois não depositam amor na ação.
Ao mesmo tempo que ele é frio, sente medo e expressa isso falando, freezando que essa sensação o deixa excitado.
Muito bem interpretado, Kakihara é na minha opinião o melhor personagem do filme e um dos mais legais da história do cinema.

Tecnicamente, apesar dos efeitos especiais mal feitos nas mortes, o filme é muito bom.
Possui uma trilha sonora simples mas que chama a atenção, souberam usar ela nos momentos certos.
A fotografia eu achei ótima, atingindo o ápice na cena que se desenrola na cobertura do prédio.
Atuações boas, em que o ator Tadanobu Asano rouba a cena, interpretando muito bem o Kakihara.
Resumindo, Ichi the Killer é um ótimo filme oriental, no estilo ame (onde eu me encaixo) ou odeie.

Nota: 8,7