sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Lake Mungo


Diretor:
Joel Anderson
Ano: 2008
Roteirista: Joel Anderson
Gênero: Drama, Suspense, Documentário

Uma jovem de dezesseis anos morre afogada em uma represa e o documentário mostra a vida da família Palmer e sua perca...



Antes de mais nada esse filme é um daqueles que você precisa seguir um requisito para gostar, primeiro passo é não ler sinopses e de preferência nem o trailer. Tirando essa analise que eu terei cuidado para não soltar nenhuma informação que possa prejudicar, segundo passo, o filme é um mockumentario, um documentário falso, Lake Mungo é um filme com atores que interpretam um documentário, e diferente de Bruxa de Blair ou Atividade Paranormal, não temos câmeras tremendo pra tudo que é lado o que acaba dificultando um pouco para entrar no clima, para conseguir absorver o roteiro você vai ter que ver como um documentário, ta eu sei que talvez seria melhor se eu não tivesse falado, mas qualquer site e ate mesmo na capinha fala que não é de verdade.

E o terceiro requisito tem haver com o primeiro, muita gente paga pau para esse filme, muita gente vende como se fosse um horror incrível e o fato de Hollywood já ter anunciado um remake para esse filme australiano também ajuda para divulgar como se fosse um terrível filme de terror e não é, não vai esperando levar sustos, ou se esconder debaixo da cama com imagens aterradoras.

Tendo isso em mente, você provavelmente vai ver um dos melhores filmes sobre espírito já feito (eu falei espíritos entenda no sentindo do espiritismo e não de fantasmas cabeludos pentelhos) mostrando que a garota tinha assuntos pendentes, que vão mais alem do que simples tarefas, mas mudar a atitude da própria família que reprimia os próprios sentimentos.

Eu falei desses requisitos não para tentar parecer mais culto ou tentar ofender quem não gostou, acontece que depois de ter visto eu sempre faço uma pesquisa antes de escrever a analise, e não gostei dos resultados que tem muitos spoilers ou tentam vender o filme como se fosse um clima totalmente diferente, fora o fato de que a grande sacada esta na idéia de ser um documentário.

Eu não esperava nada, só tinha lido um pequeno trecho em inglês sobre. E consegui entrar no clima de documentário.

As atuações são convincentes e o sentimento de perda, de negação, de tentar se apegar a uma esperança esperados para uma perda tão grande estão lá, os membros da família reagindo cada um a sua própria maneira, os depoimentos de conhecidos ajudam a criar toda a atmosfera da perda.

A direção só em dois momentos que acabou saindo da linha documentário com takes mais parecidos com um filme, mas se você não estiver atento vai passar despercebido.

É difícil fazer uma analise de um filme que o trunfo é a historia e o clima que envolve... A historia é um drama, mas não foca só na perda ela conta ate mesmo com reviravoltas e um final que me deixou abobado, mas se você não conseguir entrar no clima da historia ou ler spoilers provavelmente vai achar sem graça, seria algo parecido com o final do A.I. (aquele do robô criança do Spielberg que eu acho o final genial e tem gente que acha besta).

As reviravoltas do Lake Mungo acabam criando uma estrutura para entender a psicologia dos personagens, detalhes que vão acrescentando mais informações e assim podemos entender ou tentar entender o porque eles têm essas reações e isso não é de forma cuspida ou esperada para um filme, o pai Russell (David Pledger) quando fala no documentário parece ate bem tranqüilo, sereno, conformado o que a primeira vista pode parecer artificial ou má interpretação, na verdade faz todo sentido, por ser um personagem que mais tem dificuldade de mostrar o sentimento e esconde isso, e o mesmo acontece com os outros, ate mesmo a policial que só acompanhou o caso e tem uma visão mais dura, realista e cética.

Apesar de ter falado que não é um terror, me causou desconforto, não sustos, mas huuum medo (?) não sei expressar, não é que irei dormir com a luz acesa, mas fiquei incomodado com uma certa angustia.

Nota: 8

Eu dei nove no imdb, apenas o gosto pessoal, aqui fica oito levando mais em conta a parte técnica.


Para: Brigar com os amigos é daqueles ame ou odeie



*
Caso você gostou do filme, reveja e preste atenção na descrição das pessoas sobre Alice e os vídeos em que ela aparece viva ;)

** O irmão dela eu não iria comentar, mas como foi alvo de reclamações ate mesmo do Carlos aqui do blog eu sou obrigado a comentar o que entendi da atitude do personagem, apesar de achar idiota o que ele fez acabou fazendo sentido porem terei que soltar um spoiler em todo caso depois que assistir e quiser debater sobre esse assunto os comentários estão abertos, como vou fazer spoilers vou explicar melhor os motivos que me fizeram achar o filme tão bom e a forma como entendi os acontecimentos, não é algo ‘’correto’’ até porque é sobre interpretação, então vou soltar bastante spoilers a seguir e caso você já tenha visto o filme e quiser discutir sobre leia, e comente, e caso não viu eu recomendo que não leia nem os comentários e muito menos esses spoilers que tenho certeza que vai tirar a graça.



SPOILERS



A família Palmer é apresentada como uma família comum que o único problema foi à morte da garota adolescente, mas no decorrer mostrando os depoimentos dos amigos, incluindo amigos só da garota e do irmão, podemos entender que é uma família que tem uma falsa imagem de estabilidade.

O pai: Ele em todos depoimentos, ou melhor, a grande maioria, tenta passar uma imagem que esta tudo bem e você nota que tem algo de errado como ele fala, eu poderia ter entendido que era má interpretação, mas prestando atenção no sócio dele que diz que depois da morte da filha ele apareceu para trabalhar e tentou agir como se nada tivesse acontecido e por ele ser o chefe da família, o único que viu o corpo de Alice e também o primeiro ao sonhar com ela, como o que mais esteve abalado com a morte tentando reprimir e passar uma imagem que estava tudo bem.

No documentário não fica claro que se foi feito em varias partes (varias partes exibidas) ou apenas o produto final contando dês do começo, se foi o produto final não avia motivos para o pai interpretar daquela forma e se foi exibido em pedaços (veja bem estou entrando no clima do filme e tentando fingir que é um documentário de verdade, e me imaginando um australiano acompanhando tudo pela tv) a reação dele deveria melhorar de alguma forma conforme o filme se aproxima do final e isso infelizmente se propaga para todos os personagens. Claro que se tiver a mesma consideração que eu tive com o final e for um pouco mais generoso não vai entender isso como um problema.

A mãe: Não demonstra amor, ela tem dificuldade para isso e ate mesmo se arrepende de não ter demonstrar para a filha e isso não é uma questão de interpretação, ela própria fala isso. Ela também não acreditava que a filha estava morta e ate culpava o marido por achar que ele errou ao identificar o corpo.

O filha tinha uma vida dupla em vida, ela escondia um lado negro com uma mascara de felicidade, todos os depoimentos mostravam ela como uma garota alegre, carinhosa, bondosa e, no entanto ela metia para todos escondendo um fato de grande importância para o filme, por ela esconder isso, criar essa mascara e até mesmo se consultar escondida com um médium procurando ajuda, como ela estando perdida nessa família sem poder contar o que se passava o que ela realmente sentia e até as atitudes ‘’whatever’’ dos amigos falando de sua morte me passaram a imagem que ela era uma pessoa sozinha em uma multidão.

O filho: levando em conta a historia da irmã e sua vida dupla, ele ser o cara ‘’caladão, meio estranho, fechado’’ como um amigo dele o descreve ele acabou fazendo as montagens, argumentando que estava tentando ajudar e confortar a família, como uma forma de chamar a atenção, até mesmo o fato de ele viajar com o paranormal que pelo que eu entendi, ele estava buscando uma figura paterna que se interessa no que ele tem a dizer e sabe fazer, ao contrario do seu próprio pai que não era muito presente e há meses tenta lidar com a perda da irmã, acredito que isso também seja o motivo que levou a irmã a criar o tal segredo (sim eu continuo segurando algumas informações, pois sei que tem gente que não viu o filme e vai ler isso aqui).

Sei que mesmo explicando como entendi as atitudes vai ter gente que não concorda, mas ai que ta o ponto, pra mim bastou esses pontos que citei para entender os motivos (não aceitar, mas entender) e para outras pessoas isso não bastou, pessoas agem de forma diferente e infelizmente existem mesmos casos de gente que procurando preencher o vazio que tem acabam caindo nas mãos de gente com má fé. E no caso foi a garota.

Outro ponto que achei ótimo no filme é a abordagem do espírito, como ela tendo um negocio pendente e o final deixando claro que não era o vídeo, o segredo nem nada disso, mas sim mudar a atitude da família, não bastando eles se mudarem e continuando com as mascaras de uma ‘’família normal’’ e continuando sem expressar o que sentem.

Agora depois de ler isso vem a pergunta, quem diabos esperaria algo com essa profundeza psicológica em um filme de terror que tem o tema ‘’fantasma’’? Depois de tantos filmes asiáticos que boa parte da simbologia se perde na tradução e com seus costumes estranhos nos quais não somos acostumados (estranhos por não sermos acostumados), ou as versões americanas criando filmes de ‘’susto’’ aonde o medo, terror é confundido com um disparo de coração e alguns segundos de adrenalina para voltar para os pensamentos corriqueiros ‘’há essa ai que morreu mó peitão’’, não da para pedir muito do publico já condicionado, né?

Até porque diferente do Bruxa de Blair ou Atividade Paranormal, não tem nenhuma tentativa de enganar o publico com ‘’baseado em fatos reais’’ o próprio site faz questão de mostrar que é um falso documentário e ate a escolha de atores que já tinha feito outros trabalhos demonstra isso.





FIM DOS SPOILERS







3 comentários:

Ferraro disse...

...achei mais justo com o filme. E tem uma coisa que realmente faltou em outras análises da internet, preparar o espírito do pessoal para o que realmente vão encontrar no filme...e o final que se torna perturbador.

Mas tenho que deixar um comentário sobre anota, esse filme dificilmente agrada a todos, principalmente o formato dele...então a nota desse filme em particular eu acho q fica restrita muito ao pessoal da cada...como eu já tinha dito nem discordo da nota do Carlos, conheço muita gente que daria 0; penso que outro fator que contribui para isso é a forma que ele é vendido, do jeito que o Cruor já comentou no post.

Juaum disse...

Ué, outro Lake Mungo? Vocês tomaram tabefes no cérebro, para fazer o mesmo review?

Rocha. disse...

vou ter que assistir essa negócio ai pra saber quem está certo! aauihuhauihauiiuah