quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Pirâmides


Autor: Terry Pratchett
Gênero: Ficção/Fantasia, Comédia
Ano: 1989 (2004 no Brasil)
Páginas: 298

Um garoto que havia saído de casa para estudar na cidade grande tem de voltar a sua terra natal por conta do falecimento de seu pai e confronta as tradições de seu povo com o que havia aprendido no "mundo".

Teppic sai de casa aos 12 anos para estudar na cidade de Ankh-Morpork. O problema é que a escola dele é a Guilda dos Assassinos, onde se forma aos 17 anos. Poucas horas depois de sua formatura, Teppic começa a manifestar estranhos poderes como dar vida a plantas por onde quer que andasse e causar inundações, nada mais que um sinal de que seu pai havia morrido e ele deveria retornar ao reino de Djelibeybi para se tornar o novo faraó. A partir de então o garoto que sabia mil maneiras para matar alguém enquanto comia uma ervilha tem de lidar com a burocracia e tradições do "trabalho" de um faraó.

Pirâmides é o sétimo livro da maravilhosa série Discworld, escrita pelo inglês Terry Pratchett, e a combinação de magia com o humor ácido e non sense inglês traz uma das melhores séries de fantasias que o mundo já leu. Atualmente ela conta com 29 livros, sendo que somente uns 12 foram traduzidos para o português pela Editora Conrad.
Toda a série se passa no mundo de Discworld, um planeta em forma de disco que é carregado por 4 elefantes que por sua vez são carregados por uma tartaruga gigante, a Grande A'tuin, pelo espaço. Apesar do mesmo pano de fundo, somente os dois primeiros livros tem a história ligada diretamente, os outros podem ser lidos de forma "separada" já que narram outras histórias, ainda que as vezes dividam personagens em comum. É praticamente como ler uma história do Homem-Aranha sem ter de ler a do Capitão América, fazem parte do mesmo universo mas tem histórias diferentes.

Como deu pra notar na descrição do livro e de sua história, o reino de Djelibeybi é uma espécie de Egito do Discworld, com faraós, múmias, pirâmides (duh), deuses com cabeça de animais e afins. O bacana é que o autor usa esse cenário para fazer uma grande crítica ao mundo aparentemente monolítico das tradições.
Teppic desde cedo não gosta muito da idéia de viver no meio da areia e por isso sai de casa para tentar outras coisas, mas a força da tradição familiar o obriga a voltar para casa e a seguir o trabalho da família.
Para ele é muito difícil agir como um rei-deus, porque ele aprendeu a viver como uma pessoa comum e não acima delas. Daí surgem várias situações onde ele tenta ser um rei "gente boa" e cordial, quebrando a imagem de deus onipotente dos faraós, e o mais estranho é a reação do povo para isso. Eles mesmos se sentem muito desconfortáveis com a idéia do faraó sendo gentil com eles, decorando seus nomes e até fazendo elogios.

Para auxiliá-lo nessa tarefa, existe o sumo-sacerdote Dios. Durante os eventos públicos e coisa do tipo é ele quem conduz tudo, não porque Teppic está inseguro do que faz, mas porque é ele quem manda no país realmente, não importando quem seja o faraó. Não como um político que controla o rei, pelo contrário, ele se dá ao trabalho de comandar o reino porque é nisso que ele acredita, que sem sua presença as tradições ruiriam e por consequência o reino também porque não teria mais base cultural e política para se sustentar. O novo faraó se sente desconfortável com essa situação porque ele quer mudar alguns aspectos do reino, mas acaba sendo parado no medo da mudança não só de Dios, mas de todo o reino.
E correndo por fora ainda tem o espírito do rei falecido divagando sobre suas expectativas do além vida, sua pirâmide que está sendo construída e tudo o que ele achava que era o correto a se seguir, mas que não parece tão certo depois que você tem o ponto de vista de um defunto.
Nota: 9,0 Recomendado!

Não vou me aprofundar muito na análise porque envolveria muitos spoilers, mas recomendo muito a leitura. É um livro muito engraçado, uma história bem legal que apesar de complexa conforme se aprofunda (tem até viagens no espaço-tempo!) é de fácil entendimento e leitura. Imaginem um crossover de Senhor dos Anéis com Monty Python, e você vai chegar em Pirâmides. Aliás, não só em Pirâmides, mas como em todo livro da série Discworld.

Para: Fãs de comédia, de fantasia.

4 comentários:

Cruor disse...

faz tempo que to enrolando pra ler discword... tenho que tomar vergonha na cara!

Anônimo disse...

Terry Pratchett é mais um autor dos que eu tenho que conferir. Pela nota, imagino que ele seja realmente bom.

Dúvida, esse é o que tu considera o melhor da série?

E outra, não entendi essa história de Guilda dos Assassinos. O garoto é treinado desde pequeno pra ser assassino, é isso?

Carlão disse...

A Guilda dos Assassinos é uma escola interna que forma assassinos de "carteirinha", uma Hogwarts do homicídio.

E eu li uns 5 livros da série, pirâmides é muito bom, mas eu gostei mais de O Aprendiz de Morte. Qualquer dia eu releio ele e faço um review.

Ferraro disse...

É o Terry é foda...
...eu tenho "Eric", livro da história de um garoto de 13 anos que é demonólogo....

...claro que é recomendado, eu mesmo assim que for possível vou comprando os outros. Muito bom!

Ainda sobre as histórias de Disc World, existem uma sproduções européis, The Coulor of Magic e Hoghfather, que eu não sei bem se são longametragens ou mini-séries...e esse ano iriam fazer um filme sobre a série, mas foi cancelado já no ínicio do ano...que pena!

E uma notícia triste, o tio Terry tem a doença de Alzheimer...muito triste! :/